segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Porque é que "não há Deus"? - A descrença para Tihamer Toth


Foi a corrupção do coração que levou teu camarada à incredulidade. Essa contradição contínua que ele acha entre a fé e sua própria vida, o remorso perpétuo que ele sente na alma, a angustia incessante a este pensamento: Se há um Deus, se ele me pedir um dia conta dos meus atos, dos meus pensamentos, ai de mim! Como seria bom que não houvesse Deus... Talvez não haja... Sim, não há, não... não há Deus.

Posso dizer com toda certeza que, se as leis morais graves e áusteras emanassem não da religião, porém da álgebra ou da física, ninguém no mundo seria descrente, antes, pelo contrário, haveria alguns para duvidar dos princípios da álgebra e da física, em nome do "progresso"
Que a increduliade seja a resultante da decadência moral, é uma averiguação provada pelo fato de a descrença andar de parelha com os anos da juventude, com a idade das paixões, e desaparecer com estas últimas. A criança não é descrente: sente-se mesmo tão feliz com Deus! O velho quase não é descrente, a religião e a fé são-lhe a última esperança. Mas o entre-tempo é a época procelosa das paixões, à qual convém bem esta afirmação de Pascal: "O coração tem razões que a razão não conhece". Sim, o coração corrompido pode ser incrédulo, mas a razão esclarecida nunca o é. Ninguém fica ateu, mas só aquele que tem razão para que não haja Deus.

O jovem que na idade do seu desenvolvimento físico sabe conservar a pureza de sua alma, permanece isento de dúvidas contra a fé. Mas, em compensação, confesso que aquele que leva uma vida impura, não tem mais gosto pela oração, acha incômodas as práticas religiosas, depois a religião no seu conjunto, e finalmente perde a fé. Infalivelmente tem que perder a fé. A ruína moral que se produz dentro dele, a sua vida depravada, ele se esforça por justificá-las com o auxílio de máximas filosóficas, de livros, de sofismas, de teorias científicas; busca nos livros, como consequência, uma justificação teórica de seu ateísmo, ateísmo que, em face do Deus santo que pede a cada um de nós a santidade, ele já pratica há muito tempo por uma vida de pecado.

A vida pura não é só uma consequência, mas também uma condição da fé. Para que a razão não se torne pagã, é necessário que o coração já o não seja antes. "Conservai vossa alma em estado de desejar a existência de Deus, e não lhe duvidareis da existência". (Rousseau)

Já ouviste o que dizem do avestruz? Quando ele é perseguido, esconde a cabeça na areia, e, como não vê seu inimigo, crê que este não existe. Não sei se esses jovens "descrentes" não escondem a cabeça diante de Deus: naõ vêem a Deus, não querem vê-Lo; mas isto não quer dizer que de fato não há Deus. Quantos jovens não se compelem realente à descrença, unicamente para não serem obrigados a mudar de vida? Porque é que o pecador não quer pensar em Deus? Porque sente que contraiu grandes dívidas para com Deus; cada qual evita aniosamente a casa do seu credor.

Contrariamente, o jovem de alma pura como um lírio manifesta uma fé ardente, porque repousa sobre o peito do Senhor Jesus. Um grande conhecedor da humanidade, La Bruyère, escreveu (Caractéres, 16): "Eu quisera ver um homem sóbrio, moderado, casto, equtativo, pronunciar que não há Deus; falaria pelo menos sem interesse: mas esse homem não se acha".

Para quantos jovens se tem renovado literalmente aquilo que o célebre escritor François Coppé escreveu, após a sua conversão, no prefácio do seu livro "Dor bendita": Fui educado cristãmente e, depois a minha primeira comunhão, cumpri os meus deveres religiosos durante vários anos com ingênuo fervor. Foram, digo-o francamente, a crise da adolescência e a vergonha de certas confissões que me fizeram renunciar aos meus hábitos de piedade. Muitos homens que estão neste caso conviriam, se fossem sinceros, em que o que o afastou ppriemeiro da religião foi a regra severa que ela impõe a todos, do ponto de vista dos sentidos, e que só mais tarde foi que eles pediram à razão e à ciência argumentos metafísicos que lhes permitissem não mais se incomodarem".

"Bem-aventurados os que têm o coração puro, porque verão a Deus", disse Nosso Senhor. E os que têm o coração corrompido? Só verão do mundo os gozos sensuais, a podridão, as espurícias, as libertinagens, as batalhas.

"Senhores, dizia o ilustre escritor Chateaubriand numa sociedade cultivada: ponde a mão no coração e dizei-me por vossa honra: não teríeis a coragem de crer se tivésseis a coragem de viver castos?"
Cada vez que ouço falar de um jovem descrente, do seu "juízo esclarecido", sou obrigado a me lembrar desta palavra de Santo Agostinho: Nemo incredulus, nisi impurus. Ao moço descrente posso dar, com toda tranquilidade este conselho de Pascal: Se quiserdes ficar convencidos das verdades eternas, não multipliqueis as provas, mas extirpai as vossas paixões". Rompei com o pecado - e amanhã tereis uma fé robusta.

Tithamer Toth, A Casta Adolescência

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