domingo, 18 de novembro de 2012

O rapaz que foi estrangulado pelo demônio

Demônio e Anjo da Guarda no Juízo Final, Notre Dame


Dois estudantes, dando-se mais à vadiação do que aos estudos, resolveram ir passar a noite numa casa suspeita. Por um resto de pudor, porém, um deles desistiu e ficou na pensão, indo só o outro.

Na hora de deitar-se, segundo o seu hábito, o primeiro rezou ao pé da cama três Ave-Marias. Era um costume de família, que manteve no colégio onde fez seus preparatórios.

Logo que se deitou, ouviu umas pancadas na porta, e o seu infeliz companheiro apareceu no quarto. Que mudança! Que rosto lívido!
— Que lhe aconteceu? — perguntou.
— Ah! Meu amigo, que infelicidade a minha! Ao sair de casa, fui agarrado por um demônio e estrangulado no meio da rua. Meu corpo está na calçada, e minha alma no inferno. Esperava-te a mesma sorte, mas Nossa Senhora te poupou esta infelicidade, pelas Ave-Marias que rezaste. Feliz serás, se aproveitares este aviso que a Mãe de Deus te dá por minha boca.

Dito isto, a visão desapareceu. O moço desatou em prantos e agradeceu à sua Benfeitora por tamanho favor. Pediu-lhe força e coragem para mudar de vida.

De manhã cedo, encaminhou os passos para o convento dos Franciscanos, pedindo ser admitido sem demora na Ordem. Conhecendo-lhe a vida desregrada, o Superior não acedeu ao seu desejo. Porém, depois que o moço narrou o acontecido, dois religiosos foram mandados para averiguar a verdade.

Com efeito, acharam o corpo do infeliz moço, com o rosto enegrecido como carvão. O postulante foi então admitido ao noviciado. Tornou-se religioso exemplar e foi enviado às Índias para pregar o Evangelho.

Terminou a vida derramando seu sangue no martírio.


(Fonte: S. Afonso de Ligório, apud "Maria ensinada à mocidade" - Livraria Francisco Alves, Rio, 1915)

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