sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Regras Para Discernimento Dos Espíritos, Segunda Parte - Santo Inácio de Loyola
1. É próprio de Deus e de seus Anjos, quando entram numa alma, enchê-la da verdadeira alegria e gozo espiritual, e banir toda a tristeza que o inimigo procura introduzir nela. Ao contrário, é próprio do mau espírito combater esta alegria e gozo espiritual por motivos fúteis, sutilezas e contínuas ilusões.
2. Só a Deus pertence consolar a alma sem causa precedente, pois só Ele tem direito de entrar nela e sair quando quiser, movendo-a ao amor de sua divina Majestade. Digo sem causa precedente, isto é, sem nenhum aviso prévio ou conhecimento de qualquer objeto, que dê origem àquela consolação.
3. Quando a consolação é precedida de alguma causa, o bom e o mau anjo podem ser igualmente o seu autor; mas os fins são inteiramente contrários. O bom anjo tem por finalidade o aproveitamento da alma, que deseja ver crescer nas virtudes. O mau anjo, ao contrário, quer vê-la retroceder no bem, para a levar, enfim, a seus perversos intentos.
4. É próprio do mau espírito transformar-se em anjo de luz e entrar primeiramente nos sentimentos da alma piedosa e acabar por lhe inspirar os seus próprios sentimentos. Assim, começa por sugerir a esta alma pensamentos bons e santos conforme às suas disposições virtuosas; mas logo, pouco a pouco, procura prendê-la em seus laços secretos e levá-la a consentir em seus pecaminosos intentos.
5. É examinar com grande cuidado o curso de nossos pensamentos. Se o princípio, o meio e o fim são bons e tendem ao bem, é sinal de que vêm do bom anjo; mas se no decurso deles se encontram alguma coisa má, vã ou diferente do que tínhamos proposto fazer, é sinal evidente de que tais pensamentos procedem do mau espírito.
6. Quando o demônio for descoberto por sua cauda serpentina, isto é, pelo fim pernicioso a que nos quer levar, será útil considerar os pensamentos que nos sugeriu, examinar-lhes o princípio e ver como, pouco a pouco, nos fez perder a alegria espiritual até nos levar à sua perversa intenção. A fim de que, pela experiência alcançada, nos acautelemos para o futuro de suas costumadas fraudes.
7. Naqueles que vão de bem em melhor costuma o bom anjo insinuar-se docemente, como uma gota d’água que cai numa esponja. O mau anjo, ao contrário, entra bruscamente como água que cai em pedra. Naqueles, porém, que vão de mal em pior, entram os mesmos espíritos diversamente, conforme à disposição da alma lhes é contrária ou semelhante. Se lhes é contrária, entram ruidosamente; se semelhante, entram silenciosamente e como por casa de porta aberta.
8. Quando a consolação vem sem causa precedente, ainda que esteja livre de fraude, pois é de Deus, como foi dito na 2ª Regra, contudo a alma, que recebe esta consolação, deve atender bem e distinguir o tempo que se lhe segue. Pois neste segundo tempo, em que a alma se sente toda fervorosa e gozando ainda dos restos da consolação passada, acontece tomar várias resoluções, que não são inspiradas imediatamente por Deus, e por isso devem-se examinar bem antes de se lhes dar inteiro assentimento e por em execução.
EXERCÍCIOS DE SANTO INÁCIO DE LOIOLA
Com práticas e meditações apropriadas para oito dias de retiro pelo Pe. Alexandrino Monteiro, S.I.
II Edição – Editora Vozes – 1959 – pp. 324-325
Fonte/; Deus lo Vult
Marcadores:
Autoconhecimento,
Conselhos,
Consolações espirituais,
demônio,
Luta,
Oração,
Santo Inácio de Loyola,
Santos,
Santos Místicos,
Tentações,
Vida Cristã,
Vida espiritual
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário