"Para a eficácia do testemunho cristão, especialmente nestes tempos delicados e controversos, é importante fazer um grande esforço para explicar adequadamente os motivos da posição da Igreja, sublinhando, sobretudo, que não se trata de impor aos não crentes uma perspectiva de fé, mas de interpretar e defender valores radicados na própria natureza do ser humano."
João Paulo II, Carta Apostólica Novo Millenio ineunte, n. 51, 6 de janeiro de 2001.
"Dado que a fé no Criador é uma parte essencial do Credo cristão, a Igreja não pode e não deve limitar-se a transmitir aos seus fiéis apenas a mensagem da salvação. Ela tem uma responsabilidade pela criação e deve fazer valer esta responsabilidade também em público. E, fazendo isto, deve defender não só a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos. Deve proteger também o homem contra a destruição de si mesmo. É necessário que haja algo como uma ecologia do homem, entendida no sentido justo. Quando a Igreja fala da natureza do ser humano como homem e mulher e pede que se respeite esta ordem da criação, não está expondo uma metafísica superada. Trata-se aqui, de fato, da fé no Criador e da escuta da linguagem da criação, cujo desprezo seria uma autodestruição do homem e, portanto, uma destruição da própria obra de Deus.
O que com frequência é expresso e entendido com a palavra 'gender' [gênero] resulta, em definitivo, na auto-emancipação do homem da criação e do Criador. O homem pretende fazer-se sozinho e dispor sempre e exclusivamente sozinho o que lhe diz respeito. Porém, desta forma, vive contra a verdade, vive contra o Espírito criador. As florestas tropicais merecem, sim, a nossa proteção, mas não a merece menos o homem como criatura, na qual está inscrita uma mensagem que não significa contradição da nossa liberdade, mas a sua condição. Grandes teólogos da Escolástica qualificaram o matrimônio, ou seja, o vínculo para toda a vida entre homem e mulher, como sacramnto da criação que o próprio Criador instituiu e que Cristo - sem modificar a mensagem da criação - depois acolheu na história da salvação como sacramento da nova aliança. Pertence ao anúncio que a Igreja deve levar o testemunho a favor do Espírito criador presente na natureza em seu conjunto e, de modo especial, na natureza do homem, criado à imagem de Deus. A partir desta perspectiva deve ser lida a Encíclica Humanae Vitae: a intenção do Papa Paulo VI era defender o amor contra a sexualidade como consumo; o futuro, contra a pretensão exclusiva do presente; e a natureza do homem, contra a sua manipulação."
Bento XVI, Discurso aos membros da Cúria Romana, 22-12-08.
"O caráter típico desta nova antropologia, concebida como fundamento da Nova Ordem Mundial, manifesta-se, sobretudo, na imagem da mulher na ideologia do "Women's Powerment" [empoderamento da Mulher] proposta por Pequim. O objetivo em vista é a autorrealização da mulher, que encontra os seus principais obstáculos na família e na maternidade. Assim, a mulher deve ser libertada, sobretudo do que a caracteriza e lhe dá nada mais que a sua especificidade: esta é chamada a desaparecer diante de uma "Gender equity and equality" [eqüidade e igualdade de gênero], diante de um ser humano indistinto e uniforme, em cuja vida a sexualidade não tem outro sentido senão o de uma droga voluptuosa, a qual se pode usar sem critério algum."
Ratzinger, J. Prefácio ao livro de Schooyans, M., O Evangelho perante a Desordem Mundial, Ed. Fayard, Paris, 1997.
SANAHUJA, Juan Claudio. Poder Global e Religião Universal. São Paulo: Ecclesiae, 2012. p. 41-43.
Fonte: Blog GRAA
Nenhum comentário:
Postar um comentário