As riquezas e as honras são, para quem
foi eleito por Deus, coisas vazias e sem sentido; as saídas já não têm
muito sentido, não o atraem, em troca cresce o estado de “busca”. Quem
está neste estado deseja encontrar “algo” que ainda não se sabe o que é,
embora sim saiba o que NÃO é.
Agora bem, como saber se está frente a uma verdadeira vocação ou simplesmente a uma ideia passageira?
Há quem pede pouquíssimo. O P.
Lessio[1], um jesuíta com grande experiência no tema, diz que “se alguém
chegar à determinação de abraçar a religião e está resolvido a observar
as regras e suas obrigações, não há dúvida que essa resolução, essa
vocação, vem de Deus; não importa que circunstâncias a tenham
produzido”. Por sua parte, São Francisco de Sales afirmava sempre que
não importa como se comece desde que se esteja determinado a perseverar e
terminar bem.
Santo Tomas de Aquino chega a afirmar
que é tão alta a vocação ao sacerdócio ou à vida religiosa que “seja
quem fosse o que sugere o propósito de entrar na religião, sempre este
propósito vem de Deus”[2].
2. Temor de se condenar se continuar vivendo no mundo.
Percebem-se os perigos que há nele, que
são muitos e muito variados; tem-se em grande consideração a salvação
eterna e, por isso, a alma se inclina à vida religiosa ou sacerdotal. O
diabo jamais inspiraria isto.
3. Forte desejo de levar uma vida de pureza.
“Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus” (Mt,5,8).
Quando se lê algo relativo à castidade,
quando se conversa sobre a pureza, quando se escutam sermões, bate-papos
etc., que falam dela, elogiam-na, sente-se no coração um especial
atrativo para viver conforme a esse ideal. O demônio é inimigo da
pureza; acérrimo inimigo da Puríssima Virgem Maria.
4. Desejar ter a vocação.
O só o fato de pensar nela como algo que Deus pode me dar, é um grande indício de vocação.
5. Consciência da vaidade e da fugacidade das coisas do mundo.
“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecl 1,2).
Deus mostra à pessoa que esta vida passa
como um sopro e que os verdadeiros valores são os eternos. No fundo de
toda autêntica vocação subjaza a ideia de eternidade: Bom Mestre, o que tenho que fazer para herdar a vida eterna? (Mc 10, 17).
6. Atração pela oração e pelas coisas espirituais.
Quem começa a levar a sério a vocação,
tem normalmente um desejo inexprimível de sentir-se unido com Deus, de
conversar com Ele, de rezar. Deseja estar sozinho, escondido do mundo
para atrair o mundo para Deus… Têm-se desejos rezar, de aproveitar
realmente o tempo e fazer penitencia pelos pecados do mundo…
Na oração conversamos com quem sabemos que nos ama, procuramos intimidade com Ele.
7. Disposição à entrega, ao sacrifício, ao esforço para ajudar espiritualmente aos outros.
O amor, com amor se paga.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos amando primeiro nos deu exemplo de como amar.
– “O que tenho feito por Cristo, o que faço por Cristo, o que devo fazer por Cristo?” – repetia-se São Inácio de Loyola.
O pensamento de tantos pecados e de
tanta ingratidão para com Deus da parte dos homens faz-lhes sentir o
dever de sofrer e sacrificar-se para assemelhar-se a Jesus.
Deseja reparar ao Sagrado Coração pelas
ofensas que de contínuo recebe dos homens. “Este é um dos sinais mais
sólidos e seguros de vocação, e temos que apresentar a vida religiosa
tal como ela é na realidade, ou seja, vida de renúncia e de sacrifício. É
inútil procurar mitigar este lado incômodo da vida religiosa. Não seria
sincero e, por tanto, esconderíamos o que a vida religiosa tem de mais
atraente”[3]. Em definitivo, é apaixonar-se pela cruz e por quem quis
morrer nela para redimir a todos os homens.
8. Espírito de generosidade para com Deus
Outro sinal é o não estar nunca
satisfeito com o que fazemos Por Deus, não dizer nunca “basta”, querer
fazer sempre mais por Deus e pelo nosso próximo.
Se um jovem começar a experimentar certa
inquietação, uma Santa impaciência por fazer sempre mais pela causa de
Deus. Estamos frente a um amor genuíno para com Jesus, frente à
compreensão prática do que Ele tem feito por nós, e do pouco que fazemos
por Ele.
9. Horror ao pecado.
Horror que leva o jovem a lutar contra o pecado em si e nos demais, se trata de um medo saudável em relação ao pecado.
Quem anda por estes caminhos considera
suas faltas como o verdadeiro e único mal da alma, ao mesmo tempo em que
vê inundar-se uma parte do mundo em uma grande corrupção e ruína
espiritual.
É certo que todo cristão deve ter horror
pelo pecado, mas referimos a um desejo de perfeição muito mais forte,
desejo não só de não pecar, mas também de fazer com que o mundo não peque,
de pedir pelos pecadores, de perdoá-los, de serem testemunhas e
co-participantes da misericórdia divina, como dizia o Apóstolo:
“Revesti-vos… as entranhas de misericórdia” (Col 3,12).
10. Desejo de consagrar a vida pela conversão de uma pessoa querida e, também, pelo resto dos homens.
11. Temor de ter vocação.
Segundo São Alberto Hurtado pode ser sinal de vocação o mesmo temor de que Deus queira chamá-lo à vida religiosa.
Às vezes se tem medo da vocação, tira-se
todo pensamento sobre essa matéria, o qual volta com insistência, e até
se reza para não tê-la! “Que Deus tenha longe de mim semelhante
convite, o qual destruiria tantos castelos idealizados e acariciados”.
Acontece que o demônio pode conjeturar
com certa probabilidade que, se chegassem a serem sacerdotes ou
religiosos, fariam muitíssimo bem, e por isso procura pôr em seus
corações esses temores infundados para afastá-los do caminho que seria
sua salvação e a de tantas almas.
12. Zelo pelas almas
O Desejo de ir missionar para salvar
almas, vendo que tantas não escutaram ainda o Evangelho de Nosso Senhor
e, portanto, não recebeu os meios ordinários de salvação.
Ante esta realidade, muitos ficam frios,
como se fosse algo que não lhes tocasse, entretanto, outros parecem ter
como uma obrigação; sentem que devem fazer algo para ajudar, que não
podem permanecer tranquilamente em suas casas. Algumas vezes esse
pensamento se volta até uma fixação e os persegue. “Alguém tem que fazer algo!!!”
13. Desejar a vida sacerdotal ou religiosa
“Olhem como se amam!” diziam os pagãos
dos primeiros cristãos. É esse amor e essa entrega por Cristo o que
muitas vezes leva a fazer suspirar por levar uma vida similar.
É importante ter em conta que o que
mencionamos aqui é simplesmente “sinais da vocação”, quer dizer, não
significa que quem as tenha, possua tudo o que se requer para
poder deduzir a presença de um verdadeiro chamado, a não ser que algum
ou alguns desses “sinais” possuem já um fundamento certo de que alguém
pode ter sido escolhido por Deus.
Há quem nunca tenha sentido nada disto e
de todos os modos entendem claramente que devem ser religiosos ou
religiosas, e isto porque Deus se manifestou de algum modo diverso. Ele é
o único médico das almas e dono de tudo, por isso não há regras ou
métodos que valham no momento de comunicar uma graça tão grande como é a
da vocação.
[1] Cfr. Emvin Busuttil, SJ, As vocações: encontrá-las, examiná-las, prová-las, Bilbao 1961,127.
[2] Tomás de Aquino, Contra retrahentes, 10, ad 4.
[3] Emvin Busuttil, SJ, As vocações: encontrá-las, examiná-las, prová-las, Bilbao 1961.
Fonte: http://verboencarnadobrasil.org
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