"O homem verdadeiramente medíocre sente um pouco de admiração por todas
as coisas; mas a nenhuma delas admira com entusiasmo... Encara toda
afirmação como insolente, porque esta exclui a proposição contraditória.
E se é um pouco amigo e outro pouco inimigo de todas as coisas,
admirar-te-á por sábio e reservado. O homem medíocre proclama que todas
as coisas tem seu lado bom e sua parte má, e que não se deve ser
absoluto nos juízos. Se resolutamente afirmas a verdade, o medíocre dirá
que tens demasiada confiança em si mesmo. O homem medíocre lamenta que
existam dogmas na religião cristã; seu desejo seria que ensinasse
somente a moral; e se o dizes que a moral se fundamenta nos dogmas, te
responderá que exageras... Si a palavra exagero não existisse, o homem
medíocre a inventaria.
O homem medíocre parece habitualmente modesto; não pode ser humilde, a
não ser que deixe sua mediocridade. O homem humilde despreza todas as
mentiras, ainda que todo o mundo as elogie; e cai de joelhos diante da
verdade... Se um homem naturalmente medíocre se faz cristão de verdade,
deixa absolutamente de ser medíocre... O que ama não é medíocre nunca".
_______________¹ Citado por Fr. Garrigou-Lagrange, O.P., em 'Las tres edades de la vida interior'
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