sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Exultai todos os cristãos: é o Natal de Cristo!


Santo Agostinho

Celebremos o Natal de Cristo com afluência e solenidade devida. Rejubilem-se os homens, rejubilem-se as mulheres: nasceu Cristo homem, nasceu de uma mulher e ambos os sexos são honrados. Passe, pois, já para o segundo homem, o que no primeiro foi condenado. Inoculara-nos a mulher a morte; nova mulher os deu à luz a vida. Nasceu em semelhança da carne do pecado pela qual seria purificada a carne do pecado.
Rejubilai-vos, jovens clérigos, que escolhestes em seguir de modo particular a Cristo, que não procurastes matrimônio: não veio a vós pelo matrimônio aquele a quem, segundo, encontrastes.
Exultai, virgens consagradas; para vós, a Virgem deu à luz aquele que desposastes sem alteração da virgindade, e que não podeis perder o vosso amado nem concebendo nem dando à luz. Exultai, justos, é o Natal do justificador. Exultai, enfermos, e doentes: é o natal do que dá saúde. Exultai, cativos, servos, é o Natal do Senhor. Exultai, livres: é o Natal do libertador. Exultai, todos os cristãos, é o Natal de Cristo.
Cristo, nascido de mãe, preparou este dia, desde séculos, e foi quem, nascido do Pai, criou todos os séculos. Em seu Natal divino, não pôde ter mãe alguma, nem no natal humano, pai algum. Enfim, nasceu Cristo tanto de pai quanto de mãe, e sem pai nem mãe: Deus, por parte de Pai; homem, por parte de Mãe; Deus, sem mãe; homem, sem pai. Quem, pois, narrará sua geração? (Is 53,8) ou aquela, sem o tempo, ou esta, sem sêmen; aquela, sem início, esta, sem exemplo; aquela, que nunca deixou de ser; esta, que nem antes nem depois existiu; aquela que não tem fim; esta que tem seu início onde tem seu fim. Justo, pois, que os profetas pressagiassem e que os céus e os anjos anunciassem tão grande nascimento.
Foi posto em manjedoura quem encerrava o mundo; e era criancinha e o Verbo. Aquele que os céus não encerram, o ventre de uma mulher levava. Ela governava nosso Rei; levava ela aquele em quem existimos, aleitava nosso pão. Ó manifesta fraqueza e admirável humildade em que assim se ocultou toda a divindade! O poder governava a Mãe, a quem se achava submetido; e aquele que se alimentava aos peitos dela, a alimentava da verdade.
Complete em nós seus dons aquele que não desprezou nossos primórdios; e faça-nos ele próprio filhos de Deus, que por nós quis tornar-se filho do homem.
Sto Agostinho, Sermão CLXXXIV, 2-4, Ofício Marial.
 
Fonte: GRAA

domingo, 9 de dezembro de 2012

“A oração, como o palpitar do coração”



Se de verdade desejas ser alma penitente
- penitente e alegre -, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração - de oração íntima, generosa, prolongada -, e hás de procurar que esses tempos não sejam quando calhar, mas a hora certa, sempre que te seja possível. Não cedas nestes detalhes. Sê escravo deste culto cotidiano a Deus, e eu te asseguro que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

Como vai a tua vida de oração? Não sentes às vezes, durante o dia, desejos de conversar mais com Ele? Não lhe dizes: mais tarde te contarei isto, mais tarde conversarei sobre isto contigo?

Nos momentos expressamente dedicados a esse colóquio com o Senhor, o coração se expande, a vontade se fortalece, a inteligência - ajudada pela graça - embebe em realidades sobrenaturais as realidades humanas. E, como fruto, surgem sempre propósitos claros, práticos, de melhorar a conduta, de tratar delicadamente, com caridade, todos os homens, de nos empenharmos a fundo - com o empenho dos bons esportistas - nesta luta cristã de amor e de paz.

A oração se torna contínua, como o palpitar do coração, como o pulso. Sem essa presença de Deus, não há vida contemplativa; e, sem vida contemplativa, de pouco vale trabalhar por Cristo, porque, se Deus não edifica a casa, em vão trabalham os que a constroem.

Para se santificar, o simples cristão - que não é um religioso, que não se separa do mundo, porque o mundo é o lugar do seu encontro com Cristo - não precisa de hábito externo nem de sinais distintivos. Seus sinais são internos: a presença de Deus constante e o espírito de mortificação. Na realidade, uma coisa só, porque a mortificação nada mais é que a oração dos sentidos.

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