sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ladainha de São Rafael Arcanjo



Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai Celestial, criador de todos os espíritos, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do Mundo, que os anjos desejam sempre contemplar, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, felicidade dos espíritos celestiais, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, glória dos anjos, tende piedade de nós.
São Rafael, anjo da saúde, rogai por nós.
São Rafael, um dos sete espíritos que permaneceis perante o trono de Deus, rogai por nós.
São Rafael, fiel condutor de Tobias, rogai por nós.
São Rafael, que afugentais os espíritos malignos, rogai por nós.
São Rafael, que apresentais nossas preces ao trono de Deus, rogai por nós.
São Rafael, que curais a cegueira, rogai por nós.
São Rafael, auxílio nas tribulações, rogai por nós.
São Rafael, que fazeis felizes vossos devotos, rogai por nós.
São Rafael, , rogai por nós.
Jesus Cristo, que sois a felicidade dos anjos, perdoai-nos.
Jesus Cristo, que sois a glória dos espíritos celestes, ouvi-nos.
Jesus Cristo, esplendor dos exércitos celestiais, tende piedade de nós.
Oremos
Ó Deus, que em vossa inefável bondade nos enviastes São Rafael para conduzir-nos em nossas viagens, humildemente Vos imploramos possamos ser sempre guiados por ele no caminho da salvação e experimentar seu auxílio nas doenças da alma e do corpo. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte:Movimento o Rosário Permanente

Ladainha a São Gabriel Arcanjo


Senhor, tem piedade.
Cristo, tem piedade.
Senhor, tem piedade.
Cristo, ouvi-nos.
Cristo escutai-nos.

Deus Pai celestial, criador dos anjos, tem piedade de nós.
Deus Filho Redentor do mundo, Senhor dos Anjos, tem piedade de nós.
Deus Espírito Santo, vida dos anjos, tem piedade de nós.
Santíssima Trindade, um só Deus verdadeiro, delícia dos Anjos, tem piedade de nós.

Santa Maria Rainha dos Anjos, rogai por nós.
São Gabriel Arcanjo, rogai por nós.
Embaixador de Deus Pai, rogai por nós.
Servidor do Verbo, Luz eterna, rogai por nós.
Locutor da Encarnação, rogai por nós.
Mensageiro da Esperança, rogai por nós.
Protetor contra o Maligno, rogai por nós.
Guardão de nosso Batismo, rogai por nós.
Patrono dos sacerdotes, rogai por nós.
Escudo da castidade, rogai por nós.
Guia dos desorientados, rogai por nós.
Conselheiro dos confundidos, rogai por nós.
Músico celestial, rogai por nós.
Todos os santos Anjos, roguem por nós.
Cristo, ouvi-nos.
Cristo, escutai-nos.
Senhor, tem piedade.
O Senhor manda a seus anjos
Para cuidar-nos em todos os caminhos.

Oremos


Deus todo poderoso, que nos amas com amor eterno, enviai-nos a teus Anjos para que nos defendam do Maligno, o fazei pelo Sangue precioso de teu Filho, e pelos rogos da Santíssima Virgem Maria, em meio dos perigos nos refugiamos em ti.
Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Fonte: Fraternidade São Gilberto

Ladainha de São Miguel Arcanjo



Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R/. Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
R/. Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo, que sois Deus,
Espírito Santo, que sois Deus,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel,
São Miguel, cheio da graça de Deus,
São Miguel, perfeito adorador do Verbo Divino,
São Miguel, coroado de honra e de glória,
São Miguel, poderosíssimo Príncipe dos exércitos do Senhor,
São Miguel, porta-estandarte da Santíssima Trindade,
São Miguel, guardião do Paraíso,
São Miguel, guia e consolador do povo israelita,
São Miguel, esplendor e fortaleza da Igreja militante,
São Miguel, honra e alegria da Igreja triunfante,
São Miguel, luz dos Anjos,
São Miguel, baluarte dos ortodoxos,
São Miguel, força dos que combatem sob o estandarte da Cruz,
São Miguel, luz e confiança das almas no último momento da vida,
São Miguel, socorro certíssimo,
São Miguel, nosso auxílio em todas as adversidades,
São Miguel, arauto da sentença eterna,
São Miguel, consolador das almas que estão no Purgatório,
São Miguel, a quem o Senhor incumbiu de receber as almas depois da morte,
São Miguel, nosso Príncipe,
São Miguel, nosso Advogado, do mundo,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. atendei-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
V/. Rogai por nós, ó glorioso São Miguel, Príncipe da Igreja de Jesus Cristo,
R/. Para que sejamos dignos de suas promessas.
Oremos. Senhor Jesus, santificai-nos por uma bênção sempre nova, e concedei-nos, pela intercessão de São Miguel, aquela sabedoria que nos ensina a ajuntar riquezas no Céu, e a trocar os bens do tempo pelos da eternidade. Vós, que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

Amanhã é o dia dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael! - Missa L'Homme Armé (Josquin)

Amanhã será o dia de São Miguel, São Gabriel, e São Rafael. Em homenagem, quis colocar essa Missa de Josquin aqui, baseada na canção francesa L'Homme Armé. Espero que gostem!


São Miguel, São Gabrel e São Rafael, rogai por nós e defendei-nos no combate!

Missa O Michael - John Taverner


O Namoro Católico II





O namoro é o período em que o rapaz e a moça procuram conhecer-se em preparação para o matrimônio.


"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir a qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito" (Rom 12,2).

A ALEGRIA DA PUREZA --> Aquele que procura o prazer, encontra o prazer. Mas depois vem o vazio, o remorso de consciência e a tristeza. Aquele que se abstém do prazer por amor encontra a alegria. Os puros de coração são capazes desde já de conhecer as coisas de Deus muito melhor do que os outros. A pureza se expressa no olhar. Ao olharmos para os olhos de uma pessoa pura, vemos algo de Deus em sua alma. Se os que buscam o prazer na impureza conhecessem a alegria da pureza, desejariam ser puros mesmo que fossem por egoísmo. A alegria da pureza está acima do prazer da impureza assim como o céu está acima da terra. Experimente e diga-me se não é assim.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

ORAÇÃO PARA ANTES DO NAMORO

Senhor, estou aqui diante de um templo santo onde vós habitais.
Amo-vos presente neste templo e prefiro morrer a profanar este santuário mesmo por um pensamento. Fazei que com este namoro eu aprenda a amar a vós presente no outro e assim descubra se foi este (esta) quem escolhestes para estar ao meu lado por toda a minha vida.

São Rafael Arcanjo, que conduzistes Tobias a Sara e lhes ensinastes a pureza do coração, fazei-nos namorar de tal modo que os anjos possam estar presentes e glorificar a Deus conosco. Virgem puíssima, dai-nos a prureza do vosso Imaculado Coração.


DEPOIS DO NAMORO
Convém fazer um exame de consciência: "Estou agora amando a Deus mais do que antes?"

(Com aprovação eclesiástica)

As lições do menino mexicano que queria morrer por Cristo Rei.


 
 
José Luiz Sanchez Del Río nasceu a 28 de março de 1913, na cidade Sahuayo, província de Michoacan, México. Vivia uma vida comum, como qualquer outro menino do interior do México, até que esta normalidade foi quebrada pela ascensão de Plutarco Elias Calles à chefia do poder daquela nação.

Este presidente tirânico, declaradamente socialista e maçom, empreendeu em todo o país uma das maiores perseguições que a Igreja Católica sofreu no século XX. Com o pretexto de “livrar a nação do fanatismo religioso” (qualquer semelhança não é mera coincidência), Plutarco Calles iniciou uma investida militar contra padres, religiosos e fiéis leigos que demonstrassem qualquer sinal da fé católica. Confiscou todas as Igrejas, prendeu e matou padres, bispos, frades, freiras dentre muitos outros. Após tanta perseguição, um grupo de fiéis católicos viu-se obrigado a pegar em armas para garantir sua sobrevivência. Este conflito ficou conhecido como Cristiada ou Guerra Cristeira, em homenagem aos soldados cristãos que eram conhecidos como Cristeros.
Um dia, ao visitar o túmulo do beato mártir Anacleto González Flores, que havia morrido durante a perseguição de maneira brutal e impiedosa, José Luiz Sanchez Del Río rezou a Deus, pedindo para que ele também pudesse morrer pela manutenção de sua Fé. Então, aos 13 anos de idade, foi procurar o general Prudencio Mendoza, que tinha sua base na vila de Cotija, para que pudesse ingressar no exército cristero. Ao chegar, dirigiu-se ao general que o indagou:

 Beato mártir de Cristo Rei: José Luiz Sanchez Del Río

—O que viste fazer aqui meu rapaz? Ele respondeu: 

—Vim aqui para morrer por Cristo Rei.

A sinceridade daquelas palavras e o vívido olhar destemido daquele nobre rapaz ressoaram profundamente no coração do general cristero, que autorizou sua entrada na milícia. Ao longo de um ano, José Luiz Sanchez Del Río combateu em muitos confrontos ferozes contra o exército regular do governo comunista e maçom.
Em fevereiro de 1928, cerca de 1 ano após o seu ingresso no exército cristero, o menino e seus confrades foram surpreendidos numa emboscada. José Luiz cedeu seu cavalo ao líder da resistência, sendo capturado pelos sádicos soldados do governo de Plutarco. Na intenção de fazer com que o menino renunciasse sua fé, descamaram a planta de seus pés até as nervura e o amarraram em um cavalo, obrigando-o a andar por cerca de quatorze quilômetros a pé e descalço. Não precisamos aqui dizer o nível de dor que esta pobre criança sentiu, mesmo assim, nos momentos em que as dores lhes eram insuportáveis, o menino cheio da Graça Divina Bradava em voz alta e vigorosa “Viva Cristo Rey e la Virgem de Guadalupe!”
José Luiz Sanchez Del Río no filme Cristiada (For Greater Glory) que retrata a história dos cristeiros mexicanos.


Sem sucesso na tentativa de que José Luiz abjurasse de sua fé por meio da dor mais causticante e alucinante possível, os soldados tentaram com intimidá-lo de outra maneira. Ao chegar na vila em que nascera, para ser executado no dia seguinte, os soldados fizeram com que a mãe do menino escrevesse-lhe uma carta pedindo para que ele abjurasse da fé católica, para poder ser solto. José Luiz Sanchez Del Río respondeu assim ao bilhete de sua mãe:
“Minha querida mãe: Fui feito prisioneiro em combate neste dia. Creio que nos momentos atuais vou morrer, mas não importa, nada importa, mãe. Resigna-te à vontade de Deus; eu morro muito feliz porque no fim de tudo isto, morro ao lado de Nosso Senhor. Não te aflijas pela minha morte, que é o que me mortifica. Antes, diz aos meus outros irmãos que sigam o exemplo do mais pequeno, e tu faz a vontade do nosso Deus. Tem coragem e manda-me a tua bênção juntamente com a de meu pai. Saúda a todos pela última vez e tu recebe por último o coração do teu filho que tanto te quer e tanto desejava ver-te antes de morrer”
No dia seguinte, 10 de fevereiro de 1928, uma sexta-feira, o menino que estava prestes a completar 15 anos ofereceu sua vida terrena para não perder a vida eterna ao lado de Jesus Cristo, a quem ele depositou sua fé com bravura e fidelidade.
Precisamos saber que sem demonstrarmos profunda repugnância e asco pelo que destrói nossa Santa Igreja, não somos verdadeiramente cristãos. Não há verdadeiro amor se não há repulsa pelo que imediatamente opõe-se ao que amamos. É impossível pensar em ser católico sem concebermos a possibilidade de darmos nossa vida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fonte: http://padrepauloricardo.org/blog/as-licoes-do-menino-mexicano-que-queria-morrer-por-cristo-rei#.UF24lVUtvCU.facebook

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Namoro Católico I



O namoro é o período em que o rapaz e a moça procuram conhecer-se em preparação para o matrimônio.


No matrimônio homem e mulher doam seus corpos, constituem uma só carne e tornam-se instrumentos de Deus na geração de novas vidas humanas. Mas antes de doar os corpos é preciso doar as almas. No namoro os jovens procuram conhecer, não corpo do outro, mas sua alma. Os namorados não podem ter relações sexuais, pois o corpo do outro ainda não lhes pertence. Unir-se ao corpo alheio antes do casamento (fornicação) é um pecado contra a justiça, algo como um roubo. E como nosso corpo é templo do Espírito Santo (1Cor 6,19) a profanação de nosso corpo é algo semelhante a um sacrilégio.

"Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós" (1Cor 3,16-17).

Porém não é apenas a fornicação que é pecado, mas também tudo o que provoca desejo da fornicação, como abraços e beijos que, muitíssimo mais que constituírem expressões de afeto, despertam, alimentam e exarcebam o desejo físico.

Aliás, é possível profanar o templo do nosso corpo até por um pensamento: "Todo aquele que olha para uma mulher com mau desejo já cometeu adultério com ela em seu coração" (Mt 26,41). O prazer da excitação dos sentidos, além disso, torna os jovens incapazes de perceber a beleza da alma do outro. O namoro assim deixa de ser uma ocasião de amar para ser uma ocasião de egoísmo a dois, cada um desejando sugar do outro o máximo de prazer.

COMO NAMORAR:
Sendo o namoro o encontro de dois templos sagrados que desejam conhecer-se e amar-se interiormente, os namorados deveriam agir à semelhança de um rito litúrgico: rezar antes e depois do namoro; namorar apenas em lugar visível, para evitar ocasião de pecar. Nada há para esconder; durante o namoro evitar ir além de conversar e dar as mãos; ter sempre em mente: "Eu estou diante de um templo sagrado. Ai de mim se eu profanar este templo até por um pensamento".



E SE O OUTRO NÃO ACEITAR NAMORAR CRISTÃMENTE?

É preciso renunciar ao namorado (ou à namorada). Ninguém pode servir à dois senhores ao mesmo tempo, ou amará a um e odiará o outro, ou odiará a um e amará o outro.

"Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim" (Mt 10,37). E Jesus poderia acrescentar: "Aquele que ama o namorado ou a namorada mais do que a mim não é digno de mim". Para conservar a graça que Cristo nos conquistou com o preço de seu sangue, devemos renunciar até à própria vida.



Mas há um consolo. Se outro não aceitar namorar senão através de beijos e abraços escandalosos, na verdade ele não ama você, mas deseja gozar do prazer que você pode oferecer. O verdadeiro amor sabe esperar.

É PRECISO SER DIFERENTE DE TODO O MUNDO?
Sim. O cristão deve ser sal da terra (Mt 5,13), luz do mundo (Mt 5,14), fermento na massa (Mt 13,33).
 
Fonte: Católicos Tradicionais

“Luta contra essa frouxidão”


És tíbio se fazes preguiçosamente e de má vontade as coisas que se referem ao Senhor; se procuras com cálculo ou “manha” o modo de diminuir os teus deveres; se só pensas em ti e na tua comodidade; se as tuas conversas são ociosas e vãs; se não aborreces o pecado venial; se ages por motivos humanos. (Caminho, 331)

Luta contra essa frouxidão que te faz preguiçoso e desl

eixado na tua vida espiritual. - Olha que pode ser o princípio da tibieza..., e, na frase da Escritura, aos tíbios, Deus os vomitará. (Caminho, 325)

Que pouco Amor de Deus tens quando cedes sem luta só porque não é pecado grave! (Caminho, 328)

Como podes sair desse estado de tibieza, de lamentável languidez, se não empregas os meios! Lutas muito pouco e, quando te esforças, o fazes como que por birra e com desgosto, quase com o desejo de que os teus débeis esforços não produzam efeito, para assim te autojustificares: para não te exigires e para que não te exijam mais. (Sulco, 146)
 
 
Fonte: Mensagens de São Josemaría Escrivá

sábado, 22 de setembro de 2012

O valor do pudor!






Talvez venham a zombar da tua atitude reservada, por não te sentires à vontade no meio de conversas estercorosas e de corares logo que ouvires uma palavra imprópria. Meu filho, orgulha-te disso! Orgulha-te de poderes corar!
O pudor em nós não é "criancice", "ingenuidade", "hipocrisia" - como eles dizem, - senão um ato de valor incalculável, uma arma recebida da natureza, que defende, quase sem que o percebamos, a parte mais nobre da nossa pessoa contra os maus pensamentos. Para o jovem o pudor, que defende quase instintivamente contra a impureza a sua alma delicada, é precioso tesouro.
É um poderoso dique contra as ondas da imoralidade, que todos os lados rebentam contra a nossa alma... Lembra-te desta bela máxima de Santo Agostinho:
"Não odeies os homens por causa dos seus erros e das suas faltas, mas não estimes as faltas e os erros por amor dos homens".
É covarde quem não sabe tolerar, contra as suas convicções, algumas contrariedades. Outrora débeis crianças, sem dizerem palavra e por amor de Cristo, se deixaram despedaçar por animais ferozes. Aos quatorze anos São Vito sorria ao mergulharem-no em azeite fervente - por amor de Cristo; e aos treze anos São Pelágio suportava que durante seis horas lhe arrancassem os membros, um após outro, - também por amor de Cristo.


As zombarias e chalaças de teus companheiros imundos compreendem-se muito bem. A tua presença é molesta aos que se esponjam no esterquilínio. E como olham esses salafrários com tanta raiva para quem não quer deitar-se junto com eles no muladar! A rã, ainda que esteja sentada num tronco, salta sempre para o charco, pois só ali é que se sente à vontade.
Talvez conheças esta velha máxima: Sunt, a quibus vituperari laudari est: há certas censuras que para nós são o maior louvor. E podes crer que, se o asno injuria a rosa, é porque esta não usa ferraduras.
Sempre me admirei muito de que se desse importância ao julgamento dessas almas desviadas. Creio saberes que em Pisa, na Itália, a torre da catedral é inclinada. Ora, se essa torre inclinada pudesse pensar, certamente desprezaria todas as outras torres do mundo: "É admirável que, de todas as torres, seja eu a única em boa posição!"
Não ouviste falar no que aconteceu a uma aldeiazinha oculta na montanha, onde todos os habitantes eram papudos em razão da água e da vida que levavam? Certo dia, alguns turistas passaram por ali. Apresentavam ótima saúde; entretanto, os papudos correram atrás deles, fazendo grande alarido, rindo e chocarreando: "Vede só!... Homens que não têm papo!"
Em todas as lutas fortifica em ti esta santa resolução: Quem não quer perder o seu caráter e a dignidade da sua pessoa, tornando-se escravo dos instintos, não deve entregar-se aos prazeres proibidos. Quem dá importância ao caráter e quer desenvolver harmoniosamente a sua personalidade, cumpre que vele, como se se tratasse de um tesouro, pela sua integridade física e moral, até ao sacramento do matrimônio (e também depois), que Deus instituiu para ele.
"É valente quem vence um leão - escreve Helder, - é valente quem submete o mundo; porém mais valente ainda é aquele que se vence a si próprio".
O teu bigode cresce por si mesmo, as tuas pernas por si mesmas se tornam mais compridas, mas o verdadeiro caráter viril não se desenvolve por si próprio. Assim, também, deves lutar e arrancar todos os dias um pedaço à tua fraqueza inata, mediante séria abnegação e trabalho verdadeiramente consciente.
(O brilho da mocidade, por Dom Tihamér Tóth)
PS: Grifos meus.
Fonte:   A Grande Guerra
Créditos ao blog Modéstia Masculina (Modéstia São José)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Bom uso da língua (Pe. Matias de Bremscheid)

Segue trechos do texto, que será publicado por inteiro em outra ocasião:


"Ouvi, filhos, as regras que vos dou sobre a moderação da língua:
 aquele que as guardar não perecerá pelos lábios,
 nem cairá em ações criminosas"
(Ecli., 23,7)

- Livro do Eclesiástico (cap. 28): "As chicotadas produzem vergões, mas os golpes da língua quebram os ossos... Faze uma porta e fechadura diante da tua boca: Funde o teu ouro e a tua prata e faze com isso uma balança para pesares as tuas palavras e um freio bem ajustado para a tua boca".

- O bom uso da língua pode transformá-la em instrumento de graças.

No ano de 1263 retirou-se o corpo de Santo Antônio de Pádua do sepulcro, a fim de o transportar para a nova igreja, edificada em sua honra. Ao se abrir o sarcófago, os membros caíram aos pedaços, a carne já se havia transformado em pó e cinza. Mas, o queixo, os cabelos e os dentes estavam ainda conservados, e sobretudo a língua de todo incorrupta e com a sua cor naturalO Santo Cardeal Boaventura, que de Roma fora a Pádua por ocasião dessa festividade, tomou em suas mãos com grande respeito esse língua, beijou-a e disse entusiasmado: "Ó língua, que em todo o tempo louvaste ao Senhor e ensinaste os demais a louvá-Lo, agora se torna a todos manifesto, quanto és apreciada de Deus".

- Deves calar-te e não falar de coisas impuras e ignóbeis. Sabes o que diz o Apóstolo: "Nem sequer se nomeie entre vós ... qualquer impureza ... como convém a santos" (Ef., 5,3).

- Como este Apóstolo não seria tomado de santa indignação, se em nossos dias surgisse de improviso numa reunião de moços e ali ouvisse as conversas tais que fazem subir o rubor à faces! Até mesmo na presença de crianças inocentes, se proferem, às vezes, palavras obscenas! Não deveriam tais libertino sentir pavor daquela terrível "Ai!" que o Divino Salvador pronunciou contra os que escandalizam os pequenos?

"Ouvi, filhos, as regras que vos dou sobre a moderação da língua: aquele que as guardar não perecerá pelos lábios, nem cairá em ações criminosas" (Ecli., 23,7) Grifos meus.

Fonte: A Grande Guerra

sábado, 15 de setembro de 2012

Nossa Senhora das Dores



Faze, ó Mãe, fonte de amor,
que eu sinta em mim tua dor,
para contigo chorar.

Faze arder meu coração,
partilhar tua paixão
e teu Jesus consolar.

E santa Mãe, por favor,
faze que as chagas do amor
em mim se venham gravar.

O que Jesus padeceu
venha a sofrer também eu,
causa de tanto penar.

Ó dá-me, enquanto viver,
com Jesus Cristo Sofrer,
contigo sempre chorar!

Quero ficar junto à cruz,
velar contigo a Jesus,
e o teu pranto enxugar.

Quando eu da terra partir,
para o céu possa subir,
e, então, contigo reinar.

(Hino das Laudes)

Fonte: Santa Igreja
Fonte: Graa

Dia de Nossa Senhora das Dores - Stabat Mater Dolorosa





Ave Crux, Spes Unica!


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Esporte pelo Papa Pio XII


 


Tudo o que fala de exercícios físicos, de jogos, de competições, de esporte, interessa e atrai a juventude de hoje. Os jovens cristãos sabem, porém, que os movimentos do espírito, e especialmente a corrida para a luz intelectual, a avançada sobre o terreno misterioso e por vezes árduo da revelação, o impulso para a bondade e a santidade, são tanto mais belos e mais nobres e apaixonantes, quanto o saber e a virtude de ânimo sobrepujam e superam a forma dos músculos e a caduca desenvoltura e agilidade dos membros.

O vigor do corpo, que acompanha e embeleza o florescer da juventude, não permanece diminuído, nem rebaixado, mas, pelo contrário, exaltado e nobilitado pelo estudo da cultura religiosa e da virtude que domina as paixões. Na juventude brilha tanta força de energia no corpo, como de virtude no ânimo, quando no fundo do coração germina aquela vontade que no temor de Deus encontra o princípio da sabedoria iluminadora do caminho da vida.

A juventude inclinada sempre a nada temer, muitas vezes, porém, teme e se apavora por não aparecer suficientemente moderna, de não aparecer à altura do seu tempo, ou como dizem alguns "à la page". Mas o verdadeiro cristão encontra-se sempre à altura do tempo (1).

(I) Discurso, Jovens de Ação Católica, 10 de novembro, 1940.

***

Tão longe da verdade está o que reprova à Igreja de não cuidar dos corpos e da cultura física, quanto quem pretenda restringir a sua competência e ação às coisas "puramente religiosas", "exclusivamente espirituais".

Como se o corpo, criatura de Deus, do mesmo modo que a alma, à qual está unido, não devesse ter sua parte na homenagem a ser prestada ao Criador!

"Seja comendo - escrevia o Apóstolo das Gentes aos Coríntios -, seja que bebais, seja que façais qualquer outra coisa, tudo fazei para a glória de Deus". São Paulo fala aqui da atividade física; o cuidado do corpo, o esporte, bem se encaixa nas palavras: "seja que façais qualquer outra coisa". Antes Paulo discorre muitas vezes explicitamente; fala de corridas, de lutas, não com expressões de crítica, ou de repreensão, mas como conhecedor que eleva e nobilita o conceito cristão das mesmas.

Afinal, que coisa é o esporte, senão uma das formas de educação do corpo? Ora esta educação está em estreita relação com a moral. Como poderia, portanto, a Igreja dela desinteressar-se?

Em realidade a Igreja sempre teve para com o corpo humano uma solicitude e uma atenção, quais o materialismo, no seu culto idolátrico, não manifestou jamais. E é muito natural, pois que este não vê e não conhece do corpo senão a carne material, cujo vigor e cuja beleza nascem e florescem para depois conhecerem a podridão e a morte, como a erva do campo que termina nas cinzas e no lodo. Conseguintemente, é bem diverso disto o conceito cristão. O corpo humano é, em si mesmo, a obra-prima de Deus na ordem da criação visível. O Senhor o havia destinado a florescer, aqui embaixo, para que, imortal, desabroche nas glórias do céu. Uniu-o ao espírito na unidade da natureza humana, para fazer que a alma saboreasse o encanto das obras de Deus, para ajudá-la a remirar neste espelho o seu Criador comum, para conhecê-la, adorá-la, amá-la! Não foi Deus que fez mortal o corpo humano, mas sim o pecado; só por causa do pecado, o corpo, tirado do pó, deve um dia a ele retornar. Deste pó, entretanto, o Senhor irá tirá-lo novamente para chamá-lo a vida. Ainda que reduzidos a pó a Igreja respeita e honra os corpos, mortos para depois ressurgirem.

Mas à visão ainda mais alta conduz-nos o Apóstolo São Paulo: "Não sabeis diz ele que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós que vos foi dado por Deus e que não pertence a vós mesmos? Pois que fostes comprados por caro preço. Glorificai portanto a Deus no vosso corpo".

Ora, qual é, em primeiro lugar, o ofício e o fim do esporte, sã e cristãmente entendido, senão exatamente o de cultivar a dignidade e harmonia do corpo humano, de desenvolver a saúde, o vigor, a agilidade e a graça do mesmo.

Nem se reprove a São Paulo sua enérgica expressão: "Castigo corpus meum et in servitutem redigo: "trato duramente o meu corpo e o reduzo a servidão" pois que ele, no mesmo trecho, se apóia no exemplo dos fervorosos cultores do esporte. O esporte moderno, conscienciosamente exercitado, fortifica o corpo, torna-o são, forte e cheio de vida para executar esta função educativa; o esporte submete o corpo a uma disciplina rigorosa e por vezes dura, que o domina e o retém verdadeiramente em servidão: treino para a fadiga, resistência à dor, hábitos de continência e de temperança severa, condições todas indispensáveis para quem quer conseguir a vitória. O esporte é eficaz antídoto contra a moleza e a vida cômoda, acorda o sentido de ordem e educa ao exame e ao domínio de si, ao desprezo do perigo sem jactância nem pusilanimidade. Assim ele ultrapassa a robustez física para conduzir à força e à grandeza moral. Do país natal do esporte teve origem o proverbial "fair play", aquela emulação cavalheiresca e cortês, que eleva os espíritos acima das mesquinhezas das fraudes, dos ardis de uma vaidade obscura e vingativa, e os preserva dos excessos de um fechado e intransigente nacionalismo. O esporte é uma escola de lealdade, de coragem, de resistência de resolução, de fraternidade universal, todas estas virtudes naturais, mas que fornecem à virtude sobrenatural um fundamento sólido e preparam para sustentar sem debilidades o peso das mais graves responsabilidades.

Fatigar sãmente o corpo para repousar a mente e dispô-la para novos trabalhos, afinar os sentidos para adquirir uma intensidade maior de penetração das faculdades intelectuais, exercitar os músculos e habituar-se ao esforço para temperar o caráter e formar-se uma vontade forte e elástica como o aço: tal era a idéia que o sacerdote alpinista havia feito do esporte.

Como esta idéia está, pois, distante do grosseiro materialismo, para o qual o corpo é todo o homem! Mas como está também distante daquela loucura do orgulho, que não se contenta em arruinar com um desprezo malsão as forças e a saúde do esportista, para conquistar a palma da vitória, em uma luta pugilística ou competição de velocidade e o expõe, por vezes, temerariamente até à morte! O esporte digno deste nome torna o homem corajoso diante do perigo presente, mas não o autoriza a desafiar sem uma razão proporcionadamente grave, um risco sério. Isto seria moralmente ilícito.

Assim entendido o esporte não é um fim, mas um meio; como tal, deve ser e permanecer ordenado ao fim, que consiste na formação e educação perfeita e equilibrada do homem por inteiro, para o qual o esporte é um auxílio no cumprimento pronto e alegre do dever, quer na vida de trabalho, como na familiar.

Com uma mudança lamentável da ordem natural, alguns jovens dedicam-se apaixonadamente, com todo seu interesse e toda sua atividade, às reuniões e manifestações esportivas, aos exercícios de treinamento e às disputas, colocando todo seu ideal na conquista de um campeonato, mas às inadiáveis e importantes exigências do estudo e da profissão, dão apenas consideração distraída e abúlica. O lar, nada mais é para eles senão um hotel, onde param de passagem, quase como estrangeiros.

A serviço da vida sã, robusta, ardente, a serviço de uma atividade mais fecunda no cumprimento dos deveres do próprio estado, o esporte pode e deve estar também a serviço de Deus. Para este fim, realmente, ele inclina os ânimos porque dirijam as forças físicas e as virtudes morais, que desenvolve; mas enquanto o pagão se submetia ao severo regime esportivo para obter somente uma coroa caduca, o cristão a ele se submete por um escopo mais alto, para um prêmio imortal.

De que serviria realmente a coragem física e a energia do caráter, se o cristão delas usasse somente para fins terrenos, para ganhar uma "copa", ou para dar-se ares de super-homem? Se não soubesse, quando é necessário, reduzir de meia hora o tempo do sono ou retardar um encontro no estádio, antes do que deixar de assistir à Santa Missa no domingo; se não conseguisse vencer o respeito humano para praticar a religião e defendê-la; se não fosse capaz de sua prontidão e de sua autoridade para reprimir com o olhar, com a voz, com o gesto, uma blasfêmia, um turpilóquio, uma desonestidade, para proteger os mais jovens e os mais débeis contra as provocações, as assiduidades suspeitas; se não se acostumasse a concluir os seus felizes sucessos esportivos com um louvor a Deus, Criador e Senhor da natureza e de todas as suas forças? Não vos esqueçais que o mais alto destino do corpo, e sua mais elevada honra, é ser habitação de uma alma, que refulge de pureza moral se for santificada pela graça divina (2).

2) Discurso, Jovem de Ação Católica, 20 de maio, 1945.

***

Prestai em primeiro lugar a Deus a honra que lhe é devida, e, sobretudo, santificai o dia do Senhor, pois que o desporto não dispensa dos deveres religiosos. "Eu sou o Senhor teu Deus", dizia o Altíssimo no Decálogo; "não tenhas outro Deus fora de mim", isto é, nem sequer o próprio corpo nos exercícios físicos e no desporto: seria quase um regresso ao paganismo. De igual modo, o quarto mandamento, expressão e tutela da harmonia que o Criador quis no seio da família, recorda a fidelidade às obrigações familiares, que se devem preferir às supostas exigências do desporto e das associações desportivas.

Pelos mandamentos divinos é também protegida a vida própria e a alheia, a saúde própria e a alheia, as quais não é lícito expor imprudentemente a sério perigo com a ginástica e o desporto.

Deles recebem força também aquelas leis, já conhecidas dos atletas do paganismo, que os desportistas verdadeiros observam justamente como leis invioláveis no jogo e nos desafios, e são outros tantos pontos de honra: franqueza, lealdade, espírito cavalheiresco, pelas quais detestam, como mancha desonrosa, o emprego da astúcia e do engano; estimam e respeitam o bom nome e a honra do adversário tanto como o próprio.
O exercício físico torna-se assim como que uma ascese de virtudes humanas e cristãs, ou melhor, devem tornar-se e serem tal, por mais duro que seja o esforço exigido, para que o exercício do desporto se supere a si mesmo, atinja um dos seus objetivos morais, e seja preservado de desvios materialistas, que lhe diminuiriam o valor e a nobreza.

Eis em poucas palavras o que significa a fórmula: Quereis agir retamente na ginástica, no jogo e no desporto? Observai os mandamentos, os mandamentos no seu sentido objetivo, simples e claro.

CONCLUSÃO

Quando se respeita com cuidado o teor religioso e moral do desporto, ele deve entrar na vida do homem como elemento de equilíbrio, de harmonia e de perfeição, e como ajuda eficaz para o cumprimento dos outros deveres. Baseai portanto a vossa alegria na prática correta da ginástica e do desporto. Levai mesmo para o meio do povo a sua benéfica corrente para que prospere cada vez mais a saúde física e psíquica e se fortifiquem os corpos ao serviço do espírito; sobretudo, enfim, não esqueçais, no meio da agitada e inebriante atividade gímnico-esportiva, aquilo que na vida vale mais do que todo o resto: a alma, a consciência e, no vértice supremo: Deus (3).

(3) Discurso ao Congresso Científico Italiano de Desporto e Educação Física, 8 de novembro, 1952.

Fonte: Pio XII e os problemas do mundo moderno, tradução e adaptação do Padre José Marins, 2.ª Edição, edições Melhoramentos. 

Fonte: A Grande Guerra

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

É preciso mortificar o homem velho



Um santo bispo emprega uma bela comparação para nos fazer compreender o que é o homem velho e a necessidade de o mortificarmos: "O homem, diz ele, santuário de Cristo, é semelhante a um templo magnífico em cujas paredes lançou raízes uma figueira selvagem. O arquiteto levanta as pedras e torna a colocá-las no seu lugar; a figueira destruidora seca e morre. Assim é o pecado: introduz-se, ramifica-se na nossa carne degradada; a morte chega, a parede desmorona-se, a figueira seca, e Cristo divino arquiteto do Seu templo, é que o há-de restaurar pela ressurreição num estado de imutável solidez. Neste mundo, acrescenta o santo doutor, nós não podemos desenraizar a figueira maldita, mas o que pudermos fazer devemos fazê-lo, isto é, mutilar, cortar o mais possível os ramos da árvore e, pela mortificação cristã, impedi-la de dar os seus frutos envenenados." (São Metódio)

A castidade é uma virtude necessariamente austera e mortificada: efetivamente, restabelecer e manter a ordem naquele ser dividido a que o pecado nos reduziu, é positivamente subjugá-lo. Ela não poderia viver nem poderia desenvolver-se sem o socorro da mortificação cristã, que reprime e disciplina os nossos sentidos corporais e as nossas potências interiores, imaginações e afetos, a fim de deixar livre expansão à nossa alma. "A mortificação, cortando-nos os dois pés, obriga-nos a não mais nos servirmos senão das asas." (Mons. Gay)

O demônio vê os castos e os consagrados elevarem-se diretamente para Deus, pela simplicidade e pela pureza. O seu trabalho maldito consiste em impedir essa retidão de coração, em aviltar as almas até à terra, em imprimir-lhes uma tendência para as afetações, a sensualidade, as comodidades. Ele sabe bem que o lírio amolecidocurva-se, inclina a haste, toca na terra e, em vez de dar a sua corola branca e suave, morre e apodrece. A alma casta eleva-se e mantém-se irmã dos anjos, com a condição de deixar a terra "dos que vivem molemente" (Job., XXVIII,12), e de fazer à natureza má uma guerra sem quartel, de viver numa contínua austeridade.

"Sejamos nós o que quer que seja: dotados das mais felizes disposições ou possuídos de más tendências; iniciados ou veteranos na piedade; na posse intacta da nossa veste de inocência ou não tendo mais do que farrapos maculados, todos nós temos uma indiscutível necessidade de mortificação; é um meio necessário a todos para se adquirir ou conservar a virtude. Ao cavalo mais educado é sempre bom manter a rédea um bocadinho curta e fazer sentir a espora". (Rodriguez)

"É a cruz que se tem de levar em cada dia, diz São Bernardo; mas a unção de divina graça torna-a tão leve!"
Afetos. - "Ó Deus onipotente, nós Vos entregamos os nossos sentidos para a mortificação; concedei-nos que sintamos uma santa alegria; e que sendo mitigado o ardor dos nossos apetites terrenos, nós possamos saborear mais comodamente as coisas do céu. Assim seja" (Missal Romano).
Exame. - Estou eu convencida da necessidade de me mortificar para me conservar casta? - Não me tranquilizo imprudentemente, sob o pretexto de que não tenho, atualmente grandes tentações? - Procuro tornar-me hábil para tudo aproveitar no sentido de contristar, contrariar, incomodar, arruinar a má natureza? - O que faço eu, exatamente, com este fim? - Se eu não for corajosa e constante na mortificação, o que é que me poderá dar segurança?
Resolução.
Ramalhete espiritual. - "Se vós viverdes segundo a carne, morrereis; se mortificardes pelo espírito as obras da carne, vivereis". (Rom., VIII, 13).

(Ensaio sobre a castidade, pelo Pe. F. Maucourant, edições Paulistas, ano de 1959, com imprimatur)

Fonte: A Vida Sacerdotal

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Tratado da Castidade – Parte 3 – Da Modéstia dos olhos (Santo Afonso Maria de Ligório)



Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas.

“Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar
sequer em uma virgem” (Job 31, 1)

Mas, por que diz ele de não pensar sequer em uma virgem? Não parece que deveria dizer: Fiz um contrato com meus olhos de não olhar sequer? Não, ele tem toda a razão de falar assim, porque o pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.
Santo Agostinho diz:

“Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência”

Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.
Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade.
Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. “As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos”. Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?
Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: “Meus olhos me roubaram a vida” (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte.
São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2):

“Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade”



“Quem contempla objeto perigoso começa a querer o que antes não queria”


É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.
Judite decapita Holofernes
Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para quardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. “Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo” (Ecli 9, 8 ). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.
São Francisco de Sales dizia: “Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas”. Por essa razão foram os Santos tão cautelosos em seus olhares. Por temor de enxergarem inesperadamente qualquer objeto perigoso, conservavam os olhos quase sempre baixos, e se abstinham de olhar coisas inteiramente inocentes.
São Bernardo, depois de um ano inteiro no noviciado, não sabia ainda se o teto de sua cela era plano ou abobadado. Na igreja do convento havia três janelas e ele não o sabia, porque conservara os olhos baixos.
Evitavam os Santos, com cautela maior ainda, pôr os olhos em pessoa de outro sexo. São Hugo, bispo, nunca olhava para o rosto das mulheres com quem tinha de conversar.
Santa Clara nunca olhava para a face de um homem. Aconteceu uma vez que, levantando os olhos para a Hóstia Sagrada, durante a Elevação, viu o rosto do sacerdote, com o que ficou profundamente aflita.
Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não exceptuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora.
São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma.
Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?
O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar. Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): “Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la”. E São Gregório diz:

“Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma”

Tendo se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando trata va com mulheres, respondeu: “Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; se se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado”
Suposto mesmo que a liberdade que se concede aos olhos não produzisse outros males, impediria sempre o recolhimento da alma durante a oração; pois tudo o que vimos e nos impressionou, apresenta-se aos olhos de nossa alma e nos causa uma imensidade de distrações. Quem já tem recolhimento de espírito durante a oração, tome muito cuidado para não se ver privado dessa graça dando liberdade a seus olhos. Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito.
“Olhos baixos elevam o coração para o Céu”, dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: “Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia”. Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.
Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo. Só Deus vê o nosso coração; os homens vêem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas. “Pelo rosto se conhece o homem”, diz a Escritura (Ecli 19, 26), isto é, pelo exterior se depreende o que é o homem interiormente. Todo cristão, por isso, deve ser o que era São João Batista, conforme as palavras do Salvador (Jo 5, 35): “Uma lâmpada que arde e ilumina”. Interiormente deve arder em amor divino; exteriormente, alumiar, pela modéstia, a todos os que o vêem. Também a nós se podem aplicar as palavras que São Paulo dirigiu a seus discípulos (I Cor 4, 9): “Somos o espetáculo dos anjos e dos homens”. “A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens” (Filip 4, 5). Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.
É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a uma companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. ‘Mas quando farás o sermão?’, perguntou-lhe o companheiro. ‘Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo’.
Santo Ambrósio diz que a modéstia das pessoas virtuosas é uma exortação mui poderosa ao coração dos mundanos. “Quão belo não seria se bastasse te apresentares em público para fazeres bem aos outros!” (In ps. 118, s. 10). De São Bernardino de Sena se conta que, mesmo antes de entrar para o convento, bastava só a sua presença para pôr fim às conversas livres de seus companheiros; mal o avistavam, diziam uns para os outros: Silêncio, Bernardino vem vindo; e então calavam-se ou começavam a falar de outras coisas. Santo Efrém, segundo o testemunho de São Gregório de Nissa, era tão modesto, que já a sua vista estimulava à devoção, e não se podia vê-lo sem se sentir levado a se tornar melhor.
Mais admirável ainda é o que nos refere Suvio, do santo sacerdote e mártir Luciano: só por sua modéstia moveu muitos pagãos a abraçarem a santa Fé. O imperador Mazimiano, que fôra disso informado, temendo sentir a sua influência e ser obrigado a converter-se, citou-o à sua presença, mas não quis vê-lo, e sujeitou-o ao interrogatório ocultando-o a suas vistas por uma cortina estendida entre os dois.
Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: “Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo” (II Cor 10, 1).
Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges:

“Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra”

De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: “Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade” (Sl 118, 37).

Fonte: Reporter de Cristo
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