sexta-feira, 29 de junho de 2012

Da pornografia para a pureza: um testemunho, um caminho…



Mark Houck ao lado do Pe. Richard Gray, da Universidade Católica de Maryland
Mark Houck era jogador de futebol americano na Universidade Católica. Ele era também viciado em pornografia. “A primeira vez que vi pornografia tinha 10 anos de idade”, confessou Houck em sua palestra proferida no Centro Cultural João Paulo II, em Washington, Estados Unidos. “Meu problema com a pornografia se tornou sério quando entrei na universidade. Era um problema crônico para mim”. Mark não é o único a ter esse problema. O vício em pornografia, uma adicção psicológica caracterizada pela obsessão em ver, ler e pensar sobre pornografia em detrimento de outras áreas da vida, é o vício mais comum no mundo de hoje, ele garante.
Em 2006, as receitas gerais da indústria pornográfica chegaram a estimados 97 bilhões de dólares – um montante maior que o das maiores companhias de tecnologia juntas: Macintosh, Google, eBay, Yahoo, Netflix e Earthlink. Com ganhos anuais de 13,3 bilhões de dólares, os Estados Unidos são o país onde há mais ganhos com pornografia: 89% de todos os sites pornográficos são dos Estados Unidos. A faixa etária que mais consome pornografia online é formada por adolescentes de 12 a 17 anos. Um estudo descobriu que 5 de cada 10 homens fiéis de igreja (praticantes de religião) vêem pornografia na Internet.
Houck, apesar de ter tido 22 anos de educação em colégio católico, incluindo a faculdade, tornou-se viciado em pornografia. Ele diz: “Eu não sabia o que era pecado mortal, não conhecia minha fé católica”. Mas na idade de 26 anos, ele se lembra que algo aconteceu. “Comecei a me preocupar com esse problema, e assumi um compromisso diante de Deus de que pararia de olhar para a pornografia. Fiquei livre somente por causa da graça de Deus”. Houck tornou-se um palestrante, divulgando a castidade, na organização “Generation Life”. Em 2006 ele fundou “The King’s Men”, um apostolado masculino que ensina os homens a cumprirem seu papel diante de Deus, de líderes, protetores e responsáveis pela família.
Segundo Houck, os homens não devem ficar na defensiva diante do monstro da pornografia. “A natureza do homem é a de um guerreiro. Você é chamado a estar na batalha, a liderar”. Como parte de sua posição agressiva contra a pornografia, a organização “The King’s Men” regularmente organiza manifestações em áreas próximas a lojas de material pornográfico. Mas Houck alerta que o vício em pornografia pede compaixão, e não condenação para suas vítimas.
O Dr. Mark Laaser, em seu livro, “Healing the Wounds of Sexual Addiction” (Curando as feridas da adicção sexual) aponta para o fato de que a pornografia é um sintoma de um problema bem maior. “O vício (adicção) é uma auto-medicação para tentar curar alguma ferida séria em sua vida”, explica Houck. “Se quisermos ajudar as pessoas, precisamos chegar até a ferida”. Dr. Mark acredita que sua própria ferida psicológica foi a morte de seu pai, quando ele tinha apenas 11 anos. “Para muitos homens, a ‘ferida do pai’ é um problem-chave. Provavelmente é pior para um rapaz cujo pai está fisicamente presente, mas espiritualmente ausente”.
Essas feridas levam a quatro crenças básicas: (1) Eu não sirvo pra nada, ninguém me ama. (2) Se as pessoas realmente me conhecessem, me rejeitariam. (3) Não posso ficar dependendo de ninguém para satisfazer minhas necessidades; portanto, minha melhor amiga é a pornografia em revistas, vídeos ou na Internet. (4) O sexo ou a pornografia é minha maior necessidade.
Se você quer curar-se do vício da pornografia, Houck avisa que é necessário primeiro se perguntar a seguinte questão: “Eu realmente quero ficar bem?” Nós ‘gostamos’ do nosso pecado; nos tornamos ligados a ele, segundo Houck. Santo Agostinho certa vez falou para Deus: “Dai-me continência e castidade, mas não agora”. Do que você tem mais sede, das coisas da terra, ou das coisas do céu? As coisas dessa terra nunca irão satisfazê-lo completamente. Pelo que você estaria disposto a morrer? Você preferiria morrer do que cometer um pecado mortal? Houck acredita que devemos, como Santa Maria Goretti, ter essa determinação. No livro “Pornografia, qual o problema?”, que escreveu para a Conferência Católica dos Bispos dos Estados Unidos, Houck oferece dez passos para superar o vício da pornografia:
1. Decida ficar bem e se determine a parar de ver qualquer forma de pornografia que seja.
2. Retire de sua casa tudo que possa ser ocasião de pecado. Houck teve que tirar a sua TV de casa. “O conteúdo da TV muitas vezes é só pornografia mesmo”, ele diz.
3. Tenha força de vontade para fazer sacrifícios, que podem envolver mudanças de hábitos e compromissos. Talvez você precise mudar o caminho ao ir para o trabalho para evitar lugares provocativos, ou mesmo desligar a Internet – ou ao menos instalar um filtro no browser.
4. Conheça os rituais ou processos através dos quais você costumava cair.
5. Encontre um rede de apoio, que pode ser um grupo de outros homens, ou um grupo de oração. “Se você quer superar os vícios sexuais, precisa de apoio”, diz Houck. Ele formou um grupo de homens há 5 anos atrás, que se encontra semanalmente para suporte mútuo.
6. Reze diariamente.
7. Procure se fortalecer nas virtudes, especialmente na justiça, na prudência, na temperança e ns fortaleza.
8. Pratique a paciência e a perseverança. Se você cair, não se deixe vencer – vá para a confissão o mais rápido possível.
9. Faça jejum: “Se você pode controlar seu apetite por comida, o apetite sexual será mais fácil de ser controlado”.
10. Vá para a confissão. Comungue diariamente, se possível.
Houck pede ao clero para que seja mais pró-ativo em confrontar o mal da pornografia. “Nunca ouvi uma homilia sobre pornografia ou sobre anticoncepcionais. Essas são as principais frentes de batalha na Igreja hoje em dia, e não vemos nenhum combate por parte de quem ocupa o púlpito”, ele diz.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Castidade!





 O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo” (Catecismo da Igreja Católica – CIC §2345).
O sexo tem um sentido muito profundo; é o instrumento da expressão do amor conjugal e da procriação. Toda vez que o sexo é usado antes ou fora do casamento, de qualquer forma que seja, peca-se contra a castidade.
A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual (cf. Gl 5,22-23). O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo (Catecismo da Igreja Católica – CIC §2345).
“E todo aquele que n’Ele tem esta esperança, se torna puro como Ele é puro” (1Jo 3,3). A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade do homem em seu ser corporal.
Para se viver uma vida casta é necessário a aprendizagem do domínio de si; ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz.
Santo Agostinho disse que: “A dignidade do homem exige que ele possa agir de acordo com uma opção consciente e livre, isto é, movido e levado por convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa. O homem consegue esta dignidade quando, libertado de todo cativeiro das paixões, caminha para o seu fim pela escolha livre do bem e procura eficazmente os meios aptos com diligente aplicação” (Confissões, 10,29,40).
Para se viver segundo a castidade é preciso resistir às tentações por meio dos meios que a Igreja nos ensina: fugir das tentações, obedecer aos mandamentos, viver uma vida sacramental, especialmente freqüentando sempre a Confissão e a Comunhão, e viver uma vida de oração. Muito nos ajuda nisso a reza do santo Rosário de Nossa Senhora e a devoção e auxílio dos santos. (cf. CIC §2340)
Santo Agostinho disse que: “A castidade nos recompõe, reconduzindo-nos a esta unidade que tínhamos perdido quando nos dispersamos na multiplicidade” (Confissões, 10,29,40). A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que faz depender da razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana (cf. CIC §2341). O homem que vive entregue às paixões da carne, na verdade vive de “cabeça para baixo”; sua escala de valores é invertida; torna-se fraco. Não é mais um homem; mas um caricatura de homem.
Infelizmente, a sociedade hoje ensina os jovens a darem vazão e satisfação a todos os baixos instintos; essa “educação” é uma forma de animalizar o ser humano, pois coloca os seus instintos acima de sua razão e de sua espiritualidade.
O domínio de si mesmo é fundamental para a pessoa ser capaz de doar-se aos outros. A castidade torna aquele que a pratica apto para amar o próximo e ser uma testemunha do amor de Deus. Quem não luta para ter o domínio de si mesmo é um egoísta; não é capaz de amar. Por isso, a castidade é escola de caridade. A Igreja ensina que: “Todo batizado é chamado à castidade. O cristão “se vestiu de Cristo” (Cf. Gl 3,27), modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo o estado específico de vida de cada um. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade” (CIC §2348).
O namoro é a fase do conhecimento da Alma do outro é hora de buscar a pureza juntos em oração e vivendo conforme a graça de Deus. Não é momento de conhecer o corpo isso se da no casamento. O namoro é um tempo lindo e deve ser vivido com dignidade e castidade diferentemente do que a mídia e a sociedade moderna tem ensinado.
Os noivos são chamados a viver em castidade. A vida sexual só deve ser vivida após o casamento, pois só então o casal se pertence mutuamente, e para sempre, com um compromisso de vida assumido um com o outro para sempre.
“Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade” (CIC §2350).
Santo Ambrósio ensinava que: “As pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal; os outros a praticam a castidade na continência; isto significa viver a vida sexual apenas com o seu cônjuge. Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da virgindade. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Nisso a disciplina da Igreja é rica (Vid. 23)” (CIC §2349).
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Fonte: Rainha dos Apóstolos e Canção Nova

Carta de Santa Catarina de Siena sobre o domínio da sexualidade





Não existe outra maneira de se desprezar o mundo e atingir a pureza perfeita, senão pela conservação da mente e do corpo na continência. Porque a alma que não se aproxima de Deus e não se une a ele pelo afeto do amor, logo se vê longe de Deus, atraída para as criaturas, envolvida em satisfações, prazeres e procura de altas posições no mundo. Ninguém consegue viver sem um amor. E ao amar, transforma-se no objeto amado. A pessoa sempre retira algo daquilo que ama.
O amor humano
Se a pessoa ama o mundo, nele somente encontra sofrimento, porque, pelo pecado, o faz germinar tribulações e males com grande amargura. Nossa carne somente produz mau cheiro, pecado, corrupção. Ao conforma-se com os desejos carnais e a paixão sensível, a alma se envenena e se intoxica mortalmente, pois perde a vida da graça pelo pecado mortal. Eis o que a pessoa recebe do deu amor terno: vive triste, torna-se insuportável a sim mesma. De fato, o próprio Deus permitiu que o afeto desordenado se tornasse insuportável a si mesmo.
O amor divino
Em sentido contrário, todo amor, praticado segundo a vontade divina em união com Deus, traz à pessoa o que existe no Criador, isto é, a máxima doçura. Os servidores de Deus sentem grande prazer, até nos acontecimentos dolorosos e difíceis, pois ao experimentarem a presença de Deus, sentem-se satisfeitos e felizes. Somente Deus pode nos saciar. Deus é mais que nossa alma, maior que todos os seres criados. Tudo o que Deus criou, foi criado para o homem. E o homem foi tirado do nada para amar a Deus de todo o coração, com todo seu afeto. Foi criado para servir a Deus. portanto, os bens terrenos não são capazes de saciar o homem. Mas colocando-os em Deus, a alma humana acha-se em paz e tranquilidade, com o coração aberto para amar a todos na caridade. Então a pessoa procura prestar serviços a todos. Ao auxiliar o próximo, revela o amor que tem por Deus.
E a incontinência sexual?
Sendo Deus a máxima e eterna pureza, a união com ele torna a alma e o corpo participante dessa pureza divina. Assim, alma e corpo conservam-se perfeitamente puros. A pessoa prefere morrer a contaminar-se e manchar a mente e os membros corporais pela impureza. Não que se consiga eliminar os pensamentos e os movimentos carnais. Eles não mancham a alma, a não ser que a vontade consinta. Não havendo consentimento voluntário, não há culpa. Há até merecimento em quem resiste e tira, dos espinheiros, a perfumada rosa da pureza perfeita. Dessa maneira, a pessoa adquire maior conhecimento de si, luta contra a própria fragilidade e amorosamente se refugia no Crucificado, com orações humildade e contínuas, convencida de que não existe outro modo de santificar-se, em tão grandes males. Já dissemos antes. Quanto mais a pessoa se aproxima de Deus, de maior pureza participará. Realmente, a pessoa colhe dessas batalhas uma flor puríssima. O remédio para o terrível mal da impureza na enfraquecida carne e em qualquer situação de pecado é este: aproximar-se de Deus com amor e assemelhar-se a ele.
Olhemos para Jesus Cristo.
Filho caríssimo, não fiquemos parados. O tempo é breve e não nos espera. Nem nós o devemos esperar. Coisa terrível é ficar alguém dormindo no sono de total cegueira, sem acordar. É bem verdade, porém, que para acordar e chegar àquela união com Deus, a alma precisa de uma luz! É a luz da fé, que nos faz conhecer nossa miséria e culpa, faz-nos contemplar com pensamento puro o inefável amor de Deus por nós. Deus manifestou seu amor em seu filho Jesus Cristo, o Verbo. E Jesus deu a conhecer seu amor mediante seu sangue derramado num grande incêndio de amor. Qual jovem enamorado pela humanidade, ele correu para a terrível morte na cruz. Como pode alguém opor resistência ao conhecer tão grande amor?
Filho caríssimo, não fujais dessa luz!
Afastai com esforço a nuvem do egoísmo. Olhai com fé viva para o Cordeiro morto e dilacerado, o qual com muito amor vos chama. Ao dar-lhe resposta, atingireis a perfeita união com Deus. E uma vez unido ao Criador, sentireis o perfume da perfeita pureza. Para combater o vício da impureza é importante refletir sobre a dignidade alcançada, por nossa alma e nosso corpo, quando a natureza humana e a divina se uniram em Jesus Cristo. Envergonhe-se nossa alma! Sirva-lhe de freio, para não cair na impureza, ver-se elevada acima dos coros angélicos. Eu não duvido! Quando vosso pensamento e vosso desejo se elevarem, toda impureza viciada desaparecerá.
Algumas mortificações necessárias
Mas devemos mortificar nosso corpo, dominando-o com vigílias de oração humilde e contínua. Ocorre abraçar-se com a cruz de Cristo e fugir quanto mais possível de encontros com pessoas que vivem lascivamente. Não duvideis! Deus vos concederá uma imensa graça. Mas devereis cortar – não somente desamarrar – os laços acenados. Procurai organizar decididamente vossa vida. Submetei-vos ao jugo da obediência. Assim destruireis vossa vontade pessoal e mortificareis vosso corpo. E experimentareis a garantia da vida eterna. Tenho certeza de que, pelo amor, morareis com Jesus. Vós o fareis. Se não, nada feito!
Conclusão
Eis porque afirmei no início que estava desejosa de vos ver em união de amor com nosso Salvador. Queria que atingísseis a verdadeira pureza e vos libertásseis da paixão (desregrada), que tanto vos faz sofrer. Tenho certeza de que, se agirdes assim, sereis libertado ou ao menos prefirais a morte ao pecado. Banhai-vos no sangue de Cristo crucificado e iniciai uma vida nova, com a esperança de que vossas culpas sejam consumidas na chama do amor. Quero assumir vosso pecados, destruí-los com lágrimas e preces na fornalha da caridade divina. Quero fazer penitência por vós. Uma única coisa vos peço e a ela vos obrigo! Afastai-vos imediatamente do mundo! Dai-lhe um belo chute. Se não o fizerdes, logo o mundo vos chutará. Não oponhais resistência ao Espírito que vos chama. Nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A salvação da alma depende geralmente do tempo da juventude


Dom Bosco

Dois são os lugares que nos estão reservados na outra vida: para os maus, o inferno, onde se sofre todos os tormentos; para os bons, o Paraíso, onde se goza todos os bens. Mas o Senhor vos diz claramente que se vós começardes a ser bons no tempo da juventude, sereis igualmente no resto da vida, a qual será coroada com uma eternidade de glória.Pelo contrário, se começardes a viver mal no tempo da juventude, muito facilmente continuareis assim até a morte, e isto vos conduzirá inevitavelmente ao inferno.

Por isso, quando virdes homens de idade avançada entregues ao vício da embriaguez, do jogo, da blasfêmia, podereis quase sempre dizer que tais vícios começaram na juventude: Adoléscens juxta viam suam, etiam cum senúerit, non recédet ab ea. Ah! filhos querido, diz Deus, recorda-te do teu criador no tempo de tua juventude.Em outro lugar declara feliz o homem que desde a sua adolescência tenha levado o jugo dos mandamentos: Bonum est viro, cum poratáverit jugum ab adolescéntia sua.

Esta verdade foi bem conhecida pelos santos, especialmente por santa Rosa de Lima e por são Luis Gonzaga, os quais, tendo começado a servir fervorosamente a Nosso Senhor desde a mais tenra idade, quando adultos só achavam gosto nas coisas de Deus e assim se tornaram grandes santos. O mesmo se diga do filho de Tobias que, desde o início de sua juventude, foi sempre obediente e submisso aos seus pais: Estes morreram e ele continuou a viver virtuosamente até a morte.

Mas dirão alguns: se começamos agora a servir a Deus, tornaremos tristonhos. Respondo-vos que isso não é verdade. Andarás triste quem serve ao demônio, pois que, por mais que se esforce para estar alegre, terá sempre o coração a lhe segredar entre lágrimas: És infeliz, porque és inimigo do teu Deus. Quem mais afável e jovial que São Luis Gonzaga? Quem mais alegre e gracioso do que São Felipe Néri e São Vicente de Paulo? E contudo, a vida deles foi um contínuo exercício de todas as virtudes.

Ânimo pois, meus caros filhos; dedicai-vos em tempo à virtude e eu vos garanto que tereis sempre o coração alegre e contente e experimentareis quanto é doce e agradável o serviço do Senhor.

Fonte: Arena da Teologia

Lutas Interiores de Agostinho em Face da Conversão



Sto Agostinho 
Admirava-me muito, ao recordar diligentemente quão longo fora o período de tempo decorrido após os dezenove anos, idade em que começara a arder em desejo da Sabedoria, propondo-me, depois de a obter, abandonar todas as esperanças frívolas e todas as loucuras enganosas das vãs paixões. Porém, chegado já aos trinta anos, continuava ainda preso ao mesmo lodo de gozar dos bens presentes que fugiam e me dissipavam.
Entretanto, exclamava: "Amanhã encontrá-la-ei; oh! a verdade aparecer-me-á com evidência e possuí-la-ei; Fausto virá explicar-me tudo". Ó grandes homens da Academia! Nada se pode conceber de certo para a conduta da vida? Não. Busquemos pois com mais diligência, sem desesperar. Nos Livros Santos já não é absurdo o que parecia absurdo, podendo ser interpretado de um modo diferente e mais aceitável. Fixarei os pés naquele degrau em que meus pais me colocaram quando criança, até encontrar, finalmente, a verdade manifesta. Mas onde a buscarei, e quando? A Ambrósio falta-lhe tempo para me ouvir, e a mim para ler. Além disso, onde encontrar esses livros? De onde e quando os poderei alcançar? E a quem hei de pedi-los? Repartamos o tempo, distribuamos algumas horas para a salvação da alma. Nasceu-nos uma grande esperança: a fé católica não ensina o que supúnhamos e incriminávamos com leviandade.
Os instruídos nos dogmas olham como um crime supor a Deus delimitado pela figura de um corpo humano. E duvidamos ainda bater, para que nos sejam abertas as restantes verdades? Os discípulos ocupam-me as horas da manhã. E que faço das outras? Por que as não consagro a este trabalho? Mas, então, quando hei de visitar os amigos mais poderosos, de cujo favor tanto necessito? Quando hei de preparar as lições que os discípulos me pagam? Quando hei de reparar as forças, descansando o espírito da fadiga causada por tantos trabalhos?
"Pereça tudo isso e deixemos as coisas vãs e fúteis". Entreguemo-nos unicamente à busca da verdade. A vida é miserável e a hora da morte, incerta. Se me surpreender de súbito, em que estado sairei deste mundo e onde aprenderei o que nesta vida negligenciei saber? Não terei antes de suportar os suplícios desta negligência? E se a morte me amputar e exterminar todas estas ocupações, tirando-me os sentidos? É preciso, portanto, examinar também este ponto.
Mas longe de mim que tal suceda! Não é supérfluo nem vão o estar por todo o mundo difundida a fé cristã, tão grandiosa e tão elevada! Nunca se teriam criado, por poder divino, tantas e tão grandes maravilhas para o nosso proveito, se, com a morte do corpo, se consumasse também a vida da alma. Por que tardo, pois, em abandonar as esperanças do mundo, para totalmente me dedicar à busca de Deus e da vida bem-aventurada?
Mas espera! Os bens terrenos também são agradáveis. Possuem não pequenas doçuras. Não devemos, por isso, apartar deles, inconsideradamente, a nossa inclinação, pois seria vergonhoso voltar de novo a eles. Olha quão pouco falta para alcançar um cargo honroso! Que mais tenho a desejar? Tenho em abundância amigos poderosos. Sem necessidade de me apressar mais, podia já ser, ao menos, presidente (de um tribunal), e casar-me com uma moça que possuísse alguma fortuna, para não sobrecarregar os nossos gastos. Seria este o limite do meu desejo. Muitos homens importantes e dignos de imitação entregaram-se, apesar de casados, ao estudo da Sabedoria.
Ao dizer isto, enquanto o ventos alternavam e impeliam o meu coração para um e outro lado, o tempo fugia e eu tardava em converter-me ao Senhor. Adiava de dia para dia o viver em Vós, sem, contudo, diferir o morrer todos os dias em mim mesmo. Desejando a vida feliz, temia buscá-la na sua morada. Procurava-a fugindo-lhe! Julgava que seria extremamente desgraçado, se me privassem dos abraços de uma esposa. Não pensava ainda no remédio da vossa misericórdia, para curar tal doença, porque nunca fizera a experiência. Pensava que a castidade era fruto das próprias forças, e persuadia-me de que as não tinha. Sendo tão néscio, não sabia que, como estava escrito, ninguém pode ser casto, se Vós lhe não concedeis forças. Sim, Vós dar-mas-íeis se com gemidos internos ferisse os vossos ouvidos, e com fé firme descarregasse em Vós todos os meus cuidados.
Sto Agostinho, Confissões, Livro VI, Cap. 11.

Fonte: Blog GRAA

Castidade - Jason Evert

Encontrei este vídeo no blog GRAA, e resolvi disponibilizá-lo aqui. Bom proveito! Que Deus e Nossa Senhora vos abençoem.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Músicas Eucarísticas - Corpus Christi

Ontem foi dia de Corpus Christi. Infelizmente não pude postar nada, nem ontem, nem ontem de ontem. Mas aqui estão esses vídeos, com atraso. Assistam!

Hino composto por Santo Tomás de Aquino.


Acima, o Andrea Bocelli, talvez o tenor mais famoso da atualidade, cantando uma versão de Panis Angelicus, baseada também num hino composto por São Tomás.


Essa eu descobri no blog do meu amigo Fábio GRAA. Ele gosta muito desse grupo.

Espero que gostem, e que vos façam muito bem essas belíssimas músicas.

In corde Jesu et Mariae,
Christian.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Conselhos aos jovens - Santa Catarina de Sena


Carta 157
Para Vanni e Francisco Buonconti (Eram irmãos. Muito amigos de Catarina. Residiam em Pisa)
1 – Saudações e objetivo
Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Deus, vos escrevo e conforto no precioso sangue do Seu Filho, desejosa de vos ver como verdadeiros filhos, sempre vivendo no autêntico e santo temor de Deus, de maneira que jamais deprezeis o sangue de Cristo.
2 – Evitai o pecado mortal
Muito ao contrário, vós deveis desprezar e abominar o pecado mortal, que ocasionou a morte do Filho de Deus. De fato, bem merece repreensão quem entrega o próprio corpo à maldade e à impureza. Pensando na perfeita união de Deus com a humanidade, meus queridos irmãos, quero que isso não aconteça convosco. Especialmente tu, Vanni! Quero que tenhas um outro modo de viver, diferente do passado.
Põe tua alma diante dos olhos, bem como a brevidade da vida. Lembra-te de que deves morrer e não sabes quando. Como seria triste a morte, se então te encontrasses em pecado mortal. Por um triste prazer, perderíamos um grande bem, que é a presença de Deus pela graça, e por fim, a vida eterna, que jamais acabará.
Mas convido os três a sacrificar os próprios corpos e a aceitar morrer por Cristo crucificado (na Cruzada), se for preciso. Antes disso, até que chegue a hora, quero que sejais santamente virtuososconfessando-vos e alegrando-vos sempre em ouvir a Palavra de Deus. Porque, como o corpo não pode ficar sem o alimento, também a alma não pode ficar sem ouvir a Palavra de Deus.
Cuidado com os maus companheiros, pois seriam um obstáculo ao bom propósito.
3 – Conclusão
Nada mais acrescento. Queridos e bondosos irmãos em Cristo Jesus, permanecei no santo e doce amor de Deus.
Cartas completas – Santa Catarina de Sena)

A cera e o fogo


Orlando Fedeli


Um dos pontos mais indispensáveis para uma alma conseguir guardar perfeitamente a castidade é a fuga das ocasiões próximas de pecado.
Já foi dito que “em matéria de castidade não há fortes nem fracos. Há prudentes ou imprudentes.”
Com o pecado original ocorreu uma desordem nas paixões do homem, desordem esta que o inclina constantemente ao mal e que, com o auxílio da graça, pode ser domada, mas não extinta durante esta vida, sendo preciso estar sempre alerta com relação a ela, não lhe dando qualquer ocasião de nos dominar.
Ocasião próxima de pecado é a pessoa, coisa, lugar ou circunstância que atiça as paixões humanas, seduzindo a pessoa a pecar.
Em virtude da fraqueza da natureza humana e da força de atração que o pecado exerce sobre nós depois da culpa original, expor a própria alma a uma ocasião perigosa, é praticamente como expor cera ao fogo.
Se pudesse pensar, de nada a cera fugiria tanto quanto do fogo.
O fogo é de tal forma nocivo à cera, e a cera de tal maneira fraca diante do fogo, que basta que aquela fique próxima deste, ainda que este nem a toque, para que ela seja derretida.A natureza da cera não resiste ao calor do fogo. Derrete-se. É consumida. Evapora-se. Aniquila-se.
Para a pobre “cera” –(que simbolicamente somos nós)– não há outra alternativa: ou foge do fogo ou nele acha o seu fim.
E se resolve não fugir, à medida em que for se derretendo, o cruel fogo saberá alimentar-se dela, tornando-se ainda mais forte, sempre à espreita de uma nova “cera” imprudente para devorar…
Ora, tanto quanto a cera diante do fogo, assim o homem é fraco, extremamente fraco, diante das ocasiões de pecado, de modo que expor-se a elas imprudentemente e, portanto, sem o auxílio da Graça, é sinônimo de nelas cair.
E, de fato, segundo a clássica doutrina dos moralistas, sob a égide de Santo Afonso de Ligório, expor-se a uma ocasião próxima de pecado mortal, que se poderia evitar, já é pecado mortal de imprudência.
Logo não há outra alternativa para o homem: ou a fuga das más ocasiões, ou a morte espiritual.
E justamente da podridão das almas que assim vão tombando é que as más ocasiões ganham mais e mais força, infestando a sociedade com uma imoralidade que nada parece poder deter…
E assim a cristandade vai derretendo-se, desintegrando-se, aniquilando-se. Como cera ao fogo…
A reforma da cristandade requer necessariamente que se restitua às almas o horror pelas ocasiões próximas de pecado.
Não é possível querer ser cristão e continuar brincando com a própria salvação eterna, expondo-se aos sutis laços do inferno, que são as ocasiões próximas de pecado.
“Pode alguém caminhar sobre brasas sem queimar os próprios pés?” (Prov VI,28).
Como já dizia um velho e experiente diretor de almas: “Em fugir ou não fugir da ocasião consiste o cair ou não cair no pecado” (Pe. Manuel Bernardes, Sermões e Práticas, II).
E o mesmo autor faz uma curiosa observação: “Nós somos muitas vezes os que tentamos ao diabo. Por quê? Porque nós somos os que buscamos a ocasião, os que chamamos por ela; e buscar a ocasião em vez de ela nos buscar a nós é, em vez de o diabo nos tentar a nós, tentarmos nós ao diabo” (Idem).
Nada auxilia tanto os planos do demônio quanto as ocasiões de pecado. São estas como que as emboscadas onde a toda hora aquela antiga serpente prepara o bote…
Santo Afonso nos conta que “constrangido pelos exorcismos, confessou certa vez o demônio que, entre todos os sermões, o que mais detesta é aquele em que se exortam os fiéis a fugirem das más ocasiões”. E o Santo Doutor comenta que, “com efeito, o demônio se ri de todas as promessas e propósitos que formule o pecador arrependido, se este não evitar tais ocasiões” (Preparação para a morte, c. XXXI, p. III).
Muitas pessoas, após certo tempo de vida espiritual, imaginam-se já fortes o suficiente para resistir a qualquer tentação, e lá vão elas permitindo-se já certas liberdades… É o primeiro passo para o precipício.
“Aquele que julga estar de pé, tome cuidado para não cair” (I Cor X, 12).
A este propósito, Santo Afonso recorda “o que se conta de certa espécie de ursos da Mauritânia, que vão à caça de macacos. Estes, ao verem o inimigo, sobem para o alto das árvores. O urso estende-se, então, junto ao tronco, fingindo-se morto, e quando os macacos, confiados, descem ao solo, levanta-se, apanha-os e os devora. Tal é a astúcia do demônio: persuade que as tentações estão mortas e quando os homens condescendem com as ocasiões perigosas, apresenta-lhes de súbito a tentação que os faz sucumbir. Quantas almas infelizes, que praticavam a oração, que freqüentavam a Comunhão e que se podiam chamar santas, deixaram-se prender nos tentáculos do inferno, porque não evitaram as más ocasiões” (ob. cit., idem).
E confirma-o relatando o fato de que “uma senhora virtuosa, no tempo da perseguição aos cristãos, dedicava-se à piedosa obra de recolher e enterrar os corpos dos Mártires. Entre eles encontrou um que ainda respirava. Levou-o para casa, tratou-o e chegou a curá-lo. Aconteceu, porém, que pela ocasião próxima, essas duas pessoas, que se podiam chamar santas, perderam primeiramente a graça de Deus e, depois, até a Fé cristã” (ob. cit., ibidem).
E diz ainda: “Em matéria de prazeres sensuais, a ocasião é como uma venda posta diante dos olhos e que não permite ver nem propósitos, nem instruções, nem verdades eternas; numa palavra, cega o homem e o faz esquecer-se de tudo. (…) Quem quiser salvar-se, precisa renunciar não somente ao pecado, mas também às ocasiões de pecado, isto é, deve afastar-se deste companheiro, daquela casa, de certas relações de amizade…” (ob. cit., ibidem).
Dois foram os remédios que Nosso Senhor nos recomendou explicitamente contra as tentações: oração e vigilância. “Vigiai e orai, diz Ele, para não cairdes em tentação” (Mt XXVI, 41). Esta vigilância consiste precisamente na cautela em evitar as más ocasiões.
“A vigilância é uma conseqüência da humilde desconfiança de nós mesmos e do conhecimento dos perigos a que estamos expostos. Um homem prudente, obrigado a seguir um caminho resvaladio, orlado de precipícios, não avança às cegas; repara onde põe o pé. (…) Uma surpresa, uma falta de atenção pode lançar-nos no fundo do abismo” (Pe. Chaignon, S. J., Meditações Sacerdotais, vol. II, m. XXII).
Qualquer um que entenda que “levamos este tesouro (da Graça) em vasos de barro” (II Cor IV, 7), compreenderá o quanto precisamos nos cercar de vigilância contra as ocasiões próximas de pecado.
E não será zombar de Deus alguém rezar: “não nos deixeis cair em tentação”, e  depois ir por si mesmo expor-se ao perigo? Ora, “lançar-nos por própria vontade num mar agitado, esperando que Deus, para nos livrar da morte, o acalmará e nos estenderá a mão para nos trazer ao porto do salvamento, é querermos que Ele anime a nossa temeridade e recompense a nossa presunção” (Pe. Chaignon, S. J., ob. cit.).
O ódio de Nosso Senhor às más ocasiões e a radicalidade com que exige que delas nos apartemos, Ele bem o expressou ao dizer:
“Se tua mão ou teu pé te fazem cair em pecado, corta-os e lança-os longe de ti: é melhor para ti entrares na vida coxo ou manco que, tendo dois pés e duas mãos seres lançado no fogo eterno. Se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti: é melhor para ti entrares na vida cego de um olho que seres jogado com teus dois olhos no fogo da geena” (Mt XVIII, 8-9).
Evidentemente não se trata de uma ordem para mutilar-nos, mas para ficarmos longe das ocasiões próximas de pecado, tanto quanto possível.
Importa distinguir, porém, entre as ocasiões próximas de pecado voluntárias e as necessárias, entre as ocasiões próximas absolutas e as relativas (Cf. Ad. Tanquerey,  Brevior Synopsis Theologiae Moralis et Pastoralis, n. 1170).
Uma ocasião próxima de pecado é voluntária quando a pessoa tem como evitá-la, e, mesmo assim, se expõem a ela, sem grave necessidade. Assim, por exemplo, divertir-se assistindo a um programa imoral de televisão. Evidentemente é essa categoria de más ocasiões que combatemos no presente artigo.
Uma ocasião próxima de pecado torna-se necessária quando a pessoa não tem como evitá-la, ou existe uma razão grave para expor-se a ela. Assim, por exemplo, o médico que para fins de exame ou tratamento precisa ver suas pacientes despidas. Nesses casos cessa a obrigação grave de evitar a ocasião próxima, restando o dever de cercar-se das precauções que forem possíveis e fortificar a vontade mediante a oração e demais recursos da vida espiritual.
E devem considerar-se ocasiões próximas de pecado absolutas aquelas que habitualmente atentam contra a fragilidade humana comum, que são pedras de tropeço em si mesmas. Por exemplo, participar de danças imorais. Como estas ocasiões são um laço para qualquer pessoa, o dever grave de fugir delas subsiste para todos.
Por sua vez, existem as ocasiões próximas de pecado relativas: aquelas que não o são para o comum dos homens, mas apenas para o indivíduo que, por alguma razão especial, encontra nela um perigo próximo de pecado. Assim o entrar em um simples bar, algo indiferente para uma pessoa normal, torna-se ocasião próxima de pecado para um alcoólatra. O dever de evitar ocasiões como estas, existe apenas para aqueles que prevêem que encontrariam nelas um risco próximo de ceder ao mal.
Feitos esses esclarecimentos, o que na prática cada um deve fazer é procurar fugir de tudo que ele saiba ser ocasião próxima de pecado, tanto quanto lhe seja possível.
Os próprios Santos sempre fizeram da fuga das ocasiões de pecado um dos pilares de sua vida espiritual. E levaram isso até o extremo. São Luís Gonzaga, por exemplo, guardava o olhar ao ponto de nem saber a cor do teto sob o qual habitava, nem reparar o rosto daqueles com quem convivia.
E por saber que não apenas a santidade, mas a própria salvação eterna é impossível sem a renúncia às más ocasiões, os Santos sempre lutaram ardentemente para destruir essas pedras de tropeço no caminho espiritual de seus irmãos. Por isso a guerra que São João Maria Vianney abriu contra as danças em sua paróquia de Ars, ao ponto de chegar a pagar a organizadores de bailes para que não realizassem tais eventos. Por isso São Luís de Montfort comprava livros imorais e os rasgava na frente de seus vendedores. Por isso São Domingos Sávio tratou de destruir imediatamente as figuras imodestas que encontrou com um colega. E inúmeros exemplos como esses poderíamos citar.
Nas missões populares então, missionários como São Luís de Montfort, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Antônio Maria Claret, pregavam ardentemente contra as más ocasiões, e a esses ardentes sermões correspondiam, por exemplo, ardentes fogueiras de livros maus, por parte do povo.
Veja-se o testemunho do padre Mateus Testa, companheiro de Santo Afonso, a respeito das missões por este conduzidas em Nápoles: “Já não se viram irreverências nas igrejas; as mulheres renunciaram àqueles modos de vestir que causavam a ruína dos fracos; as moças, que haviam desaprendido o pudor, reencontraram o senso da modéstia; as tabernas perderam a sua clientela; e, por toda parte, foi o fim, nestas terras e vilarejos, de certas danças e divertimentos entre homens e mulheres e, sobretudo, entre rapazes e moças. Cânticos cristãos substituíram as canções licenciosas que essas senhoritas tinham nos lábios…” (Th. Rey-Mermet, Afonso de Ligório, Ed. Santuário, 1984).
Nos confessionários, a doutrina clássica e unânime entre os moralistas, encabeçados por Santo Afonso, sempre ensinou que o confessor não pode absolver jamais uma pessoa que não esteja plenamente decidida a romper com todas as ocasiões próximas de pecado mortal que possa evitar.
Lástima incomparável, porém, é que nestes nossos tempos os pastores das almas, adeptos de uma “Nova Evangelização” que já não convertem ninguém, tenham abandonado a luta contra as ocasiões de pecado.
Quem ainda prega contra as modas indecentes ou contra os banhos públicos nas praias e piscinas?
Quem ataca a televisão, orientando as famílias a não darem abrigo a essa corruptora eletrônica em seus lares?
Quantas vozes ainda condenam os bailes, discotecas, rodeios, etc, lugares onde simplesmente se respira imoralidade, como todos sabem?
Quem ainda ensina os jovens que no namoro e noivado, não apenas as relações sexuais, mas também o beijo na boca e os abraços indiscretos são pecado mortal? Quem lhes ensina que é dever dos namorados e noivos evitar as ocasiões propícias à fornicação?
E não só as ocasiões de pecado não são mais combatidas, como nas próprias paróquias, hoje, se proporcionam novas ocasiões más, através de certas festas, “cristotecas”, certos encontros de jovens…
Quem, no entanto, proporciona uma ocasião próxima de pecado às almas, lembre-se bem de que terá de responder, no último dia, por todos os pecados que tiverem decorrido dessa má ocasião.E como exemplo do quanto o Céu detesta as más ocasiões, citemos aqui o caso referido por Santo Afonso em um de seus mais conhecidos livros: “No ano de 1611, no célebre santuário de Maria em Monte-Virgem, aconteceu que, na vigília de Pentecostes, tendo a multidão que aí concorrera profanado a festa com bailes, desregramentos e imodéstia, se ateou de repente um incêndio na casa de tábuas em que estavam os romeiros, e em menos de hora e meia reduziu-a a cinzas, morrendo mais de 400 pessoas. Só sobreviveram cinco que depuseram, com juramento, terem visto a Mãe de Deus com duas tochas acesas pondo fogo no edifício” (Glórias de Maria, trat. IV, n.V).
A virtude da castidade não admite o que os moralistas chamam de “parvitas materiae”, ou seja, não há matéria leve contra a castidade: todo pecado contra ela, mesmo os pensamentos e olhares, se consentidos deliberadamente, são pecados mortais. Entenda-se isso, e se entenderá a necessidade e obrigação grave de se fugir de toda ocasião de sensualidade, como são as músicas e danças provocantes, as festas mundanas, as más companhias, os livros maus, os espetáculos onde hajam cenas impudicas, etc.
São Filipe Néri já dizia: “Na luta pela pureza, vence quem foge”.
“ O sagaz vê o perigo e se esconde, o incauto segue em frente e paga por isso” (Prov XXVII, 12).
Foge, pois, meu irmão, “foge do pecado como de uma serpente, porque, se te aproximares, morder-te-á; seus dentes são dentes de leões que aos homens tiram a vida” (Eclo XXI, 2).
“Fuja, e quão longe puder, fuja (…). Fuja como de ar pestilento, corte-lhe o passo como a incêndio; creia que a fragilidade humana, e a astúcia diabólica, é maior do que ponderação alguma pode declarar” (Pe. Manuel Bernardes).
Fuja, porque “quem ama o perigo, nele perecerá” (Eclo III, 27).
Como cera ao fogo.
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